Georg von Hamann e Benjamin: Linguagem e Revelação

Maria João Cantinho

Resumo


É sobejamente conhecida a influência de Georg von Hamann e da sua filosofia da linguagem na formação do jovem Walter Benjamin. A recusa da instrumentalização da linguagem e a sua concepção da língua pura e messiânica, no texto de 1916, Sobre a Linguagem em Geral e sobre a Linguagem Humana, onde defende a sua crítica à concepção burguesa daquela e recusa a linguagem como médium, nasce de um contexto peculiar que constituirá um dos vectores fundamentais do seu pensamento. Não apenas Hamann se configura como um autor privilegiado, que cita nesse texto, como também bebe em outros autores, como Hermann Cohen, neo-kantiano, e ainda procura nos cabalistas (que conheceu através das traduções de Molitor e Baader) a génese de uma concepção messiânica da linguagem. Neste texto, elenco, não apenas esses autores que marcaram a sua concepção da linguagem, como também o modo como Benjamin integrou essa influência e ela tomou novas configurações no seu pensamento. É na linguagem, na experiência e na história que o jovem Benjamin firma, desde muito cedo, as bases do seu pensamento e da sua obra e estabelece com os seus autores um diálogo, de que se procura aqui dar conta. Porém, o que mais interessa, não é tanto as marcas do seu pensamento, mas sobretudo o modo como essas marcas se inscreveram na singularidade da sua obra.

Palavras-chave


Linguagem; Messianismo; História; Experiência; Tradução

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2179-8478.1.11.32-51

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