Mudança lexical na designação de uma brincadeira infantil: pesquisa geolinguística realizada em Manaus

Soraya Paiva Chain, Felício Wessling Margotti

Resumo


Resumo:O objetivo deste texto é relatar uma pesquisa de caráter geolinguístico pluridimensional sobre variantes lexicais referentes ao lema amarelinha na comunidade de fala da cidade de Manaus. Para a realização do estudo, levamos em conta a divisão da capital amazonense em seis zonas e a composição de cada zona, considerando a área, os bairros e o número de habitantes. Em cada uma das seis zonas, foi selecionada uma escola e nela foram feitas 48 entrevistas (8 em cada escola), sendo metade dos indivíduos com idade de 6 a 10 anos e cursando do 1º ao 5º ano escolar, e a outra metade com idade de 11 a 14 anos e cursando do 6º ao 9º ano. Nas entrevistas, foi utilizada a questão 167 do Questionário Semântico Lexical do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) que indaga sobre o nome da brincadeira em que as crianças riscam uma figura no chão, formada por quadrados numerados, jogam uma pedrinha e vão pulando com uma perna só. De acordo com o levantamento, todos os 48 informantes deram como primeira resposta o item lexical amarelinha. O item macaca, que marcava a fala regional no Amazonas e em Manaus em tempos pretéritos, foi obtido como segunda resposta somente em 2,083% das entrevistas e como forma sugerida em 12,5%. O resultado evidencia forte influência exógena na fixação do léxico, ao menos em relação ao item lexical pesquisado.
Palavras-chave: Geolinguística; variação lexical; amarelinha; macaca; Manaus.

Abstract: The aim of this text is to report a search of pluridimensional geolinguistic character on lexical variants related with lemma amarelinha in the speech community of the city of Manaus. For the study, we took into account the division of the capital of Amazonas in six zones and the composition of each zone, considering the area, the neighborhoods and the number of inhabitants. In each of the six zones, we selected a school and in it were done 48 interviews (8 in each school), being half of individuals aged 6 to 10 years and attending of the 1st to 5th grade, and the other half aged 11 to 14 years and attending of the 6th to 9th grade. In the interviews, was used the question 167 of Lexical Semantic Questionnaire of the Linguistic Atlas of Brazil (ALiB) that inquires about the name of the game in which the children scratch a figure on the ground, formed by numbered squares, throw a pebble and go jumping with only a leg. According to the survey, all the 48 individuals gave as the first answer the lexical item amarelinha. The item macaca, which marked the regional speak in Amazonas and in Manaus in past times, was obtained as second response only in 2.083% of the interviews and as form suggested in 12.5%. The result shows strong exogenous influence in fixing the lexicon, at least in relation to the lexical item searched.
Keywords: Geolinguistics; lexical variation; amarelinha; macaca; Manaus.


Texto completo:

PDF

Referências


ARSAM [Agência Reguladora dos Serviços Públicos do Estado do Amazonas]. Divisão administrativa da cidade de Manaus. Disponível em: http://www.arsam.am.gov.br/novo/?q=node/163. Acesso em: 29 set. 2010.

BASSI A.; MARGOTTI, F. W. Variantes lexicais para a brincadeira infantil amarelinha. In: ALTINO, F. C. (Org.). Múltiplos olhares sobre a diversidade linguística: uma homenagem à Vanderci Andrade Aguilera. Londrina: Madiograf, 2012. V. 1, p. 49-78.

BRANDÃO, S. F. A geografia linguística no Brasil. São Paulo: Ática, 1991.

COMITÊ NACIONAL DO PROJETO ALIB. Atlas linguístico do Brasil: questionários. Londrina: Ed. da UEL, 2001.

CRUZ, M. L. de C. Atlas linguístico do Amazonas. 2004. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2 v.

DUBOIS, J. et al. Dicionário de linguística. 11. ed. São Paulo: Cultrix, 2009.

LYONS, J. Linguagem e linguística: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 1987.

MARGOTTI, F. W. Sinonímia e paráfrase: algumas considerações a partir de dados do Atlas Linguístico-Etnográfico da Região Sul – ALERS. Linguagem em (Dis)curso, Tubarão, v. 3, n. 2, p. 27-46, jan./jun. 2003.

OLIVEIRA, L. A. Manual de semântica. Petrópolis: Vozes, 20008.

THUN, H.; RADTKE, E. Nuevos caminos de la geolinguística românica: un balance. In: RADTKE, E.; THUN, H. (Hrsg). Neue Wege der romanischen Geolinguistik. Akten des Symposiums zur empirischen Dialektologie (Heidelberg/Mainz 21-24.10.1991). Kiel: Westensee, 1996. p. 25-49.

WEINREICH, U; LABOV, W.; HERZOG, M. Fundamentos empíricos para uma teoria da mudança linguística. 2. ed. São Paulo: Parábola, 2006.

WIKIPÉDIA. Zona Centro Oeste (Manaus). Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Zona_Centro-Oeste_(Manaus). Acesso em: 27 set. 2010.

WIKIPÉDIA. Zona Centro Sul (Manaus). Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Zona_Centro-Sul_(Manaus). Acesso em: 27 set. 2010.

WIKIPÉDIA. Zona Leste (Manaus). Disponível em: http://pt.wikipedia. org/wiki/Zona_Leste_(Manaus). Acesso em: 27 set. 2010.

WIKIPÉDIA. Zona Norte (Manaus). Disponível em: http://pt.wikipedia. org/wiki/Zona_Norte_(Manaus). Acesso em: 27 set. 2010.

WIKIPÉDIA. Zona Oeste (Manaus). Disponível em: http://pt.wikipedia. org/wiki/Zona_Oeste_(Manaus). Acesso em: 27 set. 2010.

WIKIPÉDIA. Zona Sul (Manaus). Disponível em: http://pt.wikipedia. org/wiki/Zona_Sul_(Manaus). Acesso em: 27 set. 2010.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2238-3824.18.2.69-88

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2013 Soraya Paiva Chain, Felício Wessling Margotti