A (im)possibilidade de dar corpo ao passado em Não é meia noite quem quer, de António Lobo Antunes

Ângela Beatriz de Carvalho Faria

Resumo


A partir das reflexões críticas presentes em A imagem sobrevivente: história da arte e do tempo dos fantasmas segundo Aby Warburg, de Georges Didi-Huberman, Origem do drama trágico alemão e O anjo da História, de Walter Benjamin, “Melancolia e saudade”, de Eduardo Lourenço, e As mulheres na ficção de António Lobo Antunes: (in)variantes do feminino, de Ana Paula Arnaut, pretende-se analisar o romance Não é meia noite quem quer (2012), de António Lobo Antunes, privilegiando-se as seguintes questões: a) De que maneira a “melancolia faz do corpo a fonte do desencanto da alma perante o mistério da existência”?; b) Como o espaço-tempo da História, sutilmente aludido na ficção antuniana, torna-se parte integrante de um tempo trágico, inerente à personagem imersa na memória, em busca de ruínas?; c) Como o esquecimento e a (im)possibilidade de dar corpo ao passado são tematizados na narrativa do século XXI?; d) Quais são as estratégias discursivas que sustentam isso?; e) Não haveria um “tempo para os fantasmas”, uma “sobrevivência” e/ou uma “reaparição de imagens” na narrativa que reflete a crise da subjetividade coerente e da representação?; f) Quais são as estratégias da memória numa era de catástrofes, em que se observa o primado das ruínas da casa, da família e dos afetos?; g) De que maneira delineia-se a oscilação comum ao melancólico, situado entre a infelicidade narcísica e o triunfo da alegria?

From the critical reflexions on A imagem sobrevivente: história da arte e do tempo dos fantasmas segundo Aby Warburg, written by George Didi-Huberman, Origem do drama barroco alemão and O anjo da história, by Walter Benjamin, “Melancolia e saudade”, by Eduardo Lourenço, and As mulheres na ficção de António Lobo Antunes: (in) variantes do feminino, by Ana Paula Arnaut, we intent to analyze the romance Não é meia noite quem quer, written by António Lobo Antunes, focusing on the following issues: a) How the “melancholy makes the body a source of disenchantment of the soul in front of the existence’s mystery”?; b) How History’s space-time, subtly alluded on the antuniana fiction, becomes integrant part of a tragic time, inherent to the character immersed in memory, in seek of ruins?; c) How oblivion and the (im) possibility to embody the past are themed on the XXI century? d) Which are the discursive strategies to support it?; e) Would exist a “time for ghosts”, a “survival” and/or a “reappearance of images” in the narrative that reflects the crisis of coherent subjectivity and of representation?; f) Which are the memory strategies on a catastrophe era, where there are ruins of the house, the family and affections?; g) How to delineate the common oscillation of the melancholic, situated between the narcissistic unhappiness and the triumph of joy?


Palavras-chave


Não é meia noite quem quer; António Lobo Antunes; ficção contemporânea portuguesa; melancolia.

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2359-0076.34.52.103-116

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