Uma apropriação indébita ( Vanguarda, cultura popular e revolução nos anos 60)

Dulce Maria Viana

Abstract


Resumo: Tendo por base os anos 60 no Brasil, estuda-se a presença das Vanguardas e a posição da Cultura Popular, esta como possibilidade de veiculação de mensagens politicamente dirigidas para uma Revolução que afinal nunca se fez. Marcam-se como núcleos o ISEB, o MCP e o CPC. Dimensionam-se os conceitos de arte do povo e de arte popular. Por fim, discute-se a validade da apropriação das formas populares como veículos ideológicos revolucionários, uma vez que os consumidores das mensagens eram as próprias elites intelectuais que as produziam.

Abstract: The paper describes how Brazilian literary vanguards of the sixties adopted popular forms in their calls for a revolution that never happened. Specific reference is made to ISEB, MCP, CPC and other groups.

In this context, the differences between popular art and folk art are discussed, as the legitimacy of appropriating popular forms for revolutionary messages that, ultimately, were consumed exclusively by the very elites that produced them.


References


ALMEIDA, Mauro W. Leituras do cordel. Arte em revista, São Paulo, CEAC, n. 3, 1983.

ARANTES, Antonio. Pelo estudo dos folhetos no contexto de sua produção. Arte em revista, São Paulo, CEAC, n. 3, 1983.

ARRABAL, José. O CPC da UNE. In: ARRABAL, José; LIMA Mariângela Alves de. O nacional e o popular na cultura brasileira: teatro. São Paulo: Brasiliense, 1983.

BARTRA, Eli. Retorno de um mito: a arte popular. Arte em revista, São Paulo, CEAC, n. 3, 1983.

BOS1, Ecléa. Cultura de massa e cultura popular. Petrópolis: Vozes, 1981.

CÂNDIDO, Antônio. Desenvolvimento e subdesenvolvimento. Argumento, Rio de Janeiro: Paz e Terra, out. de 1973.

CHAMlE, Mário. O fascismo de Erza Pound. In: ______. A linguagem virtual. São Paulo: Quiron, 1976.

CHAUÍ, Marilena de Sousa. Cultura e democracia. São Paulo: Ed. Moderna, 1980.

CORTEZ, Marcius Frederico. Relações de classe na literatura de cordel. Revista Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, v. 1, n. 5-6, p. 293-324, 1966.

ESCARPIT, Robert. Le littéraire et le social. Paris: Flamarion, 1970.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Trad. Roberto Machado. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

GULLAR, J. R. Ferreira. Cultura posta em questão. Arte em revista, São Paulo, CEAC, n. 3, 1983.

GULLAR, J. R. Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.

GULLAR, J. R. Ferreira. Vanguarda e subdesenvolvimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.

HAUSER, Arnold. Introducción à la historia del arte. 2. ed. Madrid: Guadarram, 1961.

HJELMSLEV, Louis. Prolegômenos a uma teoria da linguagem. Trad. de J. Teixeira Coelho Netto. São Paulo: Perspectiva, 1975.

HOLLANDA, Heloísa B. de Impressões de viagem: CPC: vanguarda e desbunde. São Paulo: Brasiliense, 1980.

HOLLANDA, Heloísa B. de; GONÇALVES, Marcos A. Cultura e participação nos anos 60. 3. ed. São Paulo: Brasiliense, 1984.

HOLLANDA, Heloísa B. de; PEREIRA, Carlos Alberto. Patrulhas ideológicas Marca Reg. São Paulo: Brasiliense, 1980.

ISTO É São Paulo, Gazeta Mercantil, n. 390, 13 jun. 1984.

JAGUARIBE, Hélio. 20 anos - Breves reflexões sobre o IPESP e o ISEB. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25 set. 1977. Cad. Especial.

JAGUARIBE, Hélio. Desenvolvimento econômico e desenvolvimento político. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.

LAFETÁ, João Luiz. Traduzir-se (ensaio sobre a poesia de Ferreira Gullar). In: LAFETÁ, João Luiz et. alii. O nacional e o popular: artes plásticas e literatura. São Paulo: Brasiliense, 1982.

LEITE, Sebastião Uchoa. Cultura popular: esboço de uma resenha crítica. Revista Encontros com a Civilização Brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, n. 4, set. 1965.

LIMA, Luiz Costa (Org). Teoria da cultura de massa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

MARTINS, Carlos Estevam. Anteprojeto do CPC. Arte em revista, São Paulo, CEAC, n. 1, 1983.

MARTINS, Carlos Estevam. História do CPC. Arte em revista, São Paulo, CEAC, n. 3, 1983.

PAIVA, Vanilda Pereira. Paulo Freire e o nacionalismo desenvolvimentista. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.

PEDROSA, Mário. Arte culta e arte popular. Arte em revista, São Paulo, CEAC, n. 1, 1983.

PORTELLA, Eduardo. Vanguarda e cultura de massa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1978.

QUE FOI O MCP? Arte em revista, São Paulo, CEAC, n. 3, 1983.

RAMOS, A. Guerreiro. A redução sociológica. 2. ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1965.

SANT'ANNA, Affonso Romano de. Música popular e moderna poesia brasileira. Petrópo1is: Vozes, 1977.

SCHWARZ, Roberto. Cultura e política. In: ______. O pai de família. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

SODRÉ, Nelson Werneck. A verdade sobre o ISEB. Rio de Janeiro: Avenir, 1978.

SODRÉ, Nelson Werneck. Quem é o povo do Brasil? Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1962. (Coleção Cadernos do Povo Brasileiro, n. 2.).

TOLEDO, Caio Navarro de. ISEB: Fábrica de ideologias. São Paulo: Ática, 1982.

TORRE, Guillermo de. Populismo. In: ______. Historia de las literaturas de vanguardia. Madrid: Guadarrama, 1971. Tomo III.

TROTSKI, Leon. Literatura e revolução. Trad. Moniz Bandeira. Rio de Janeiro: Zahar, 1980.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/0101-3548.11.22-24.180-211

Refbacks

  • There are currently no refbacks.


Cadernos de Linguística e Teoria da Literatura
ISSN 0101-3548 (impressa)

Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.