Metapoesia e a Helena de Homero

Resumo

Resumo: Meu objetivo é discutir como Homero explora no primeiro terço da Ilíada o que podemos chamar de “consciência poética” do personagem de Helena, e tentar entender qual o possível efeito alcançado por essa forma de metalinguagem quando associada à mulher cujas ações estão na origem da Guerra de Troia. Minha questão central aqui é: por que explorar a metalinguagem com Helena? qual é o possível efeito dessa escolha? Por que Homero não faz isso com Heitor, com Príamo ou mesmo com Páris? Vou me deter rapidamente em duas cenas centrais: a primeira, em que ela tece batalhas, no Canto 3 (v. 125-128), e a segunda, quando se vê presente em cantos futuros, no Canto 6 (v. 354-358). Ao examinar essas cenas, pretendo explorar, ainda, a aproximação dela com a figura de Aquiles, também atuante na construção dessa “épica no espelho”.

Palavras-chave: Ilíada; Helena; metapoesia.

Abstract: My aim is to discuss how Homer in the first third of the Iliad, in two scenes where Helen appears, makes use of what we may call a character’s “poetic awareness”, and try to understand what kind of effect is accomplished through this form of metapoetry when it is associated with the woman whose actions are the cause of the Trojan War. My main question is: why explore metapoetry in connection with Helen? What is its consequence? Why not do that with Hector, Priam or even Paris? I will concentrate shortly on two passages: the first one, when she weaves battles, in Book 3 (l. 125-128), and the other one, when she sees herself in songs still to appear, in Book 6 (l. 354-358). By focusing on these verses, i intent also to analyse Helen’s connection to Achilles, who is also important in the poem as long as the construction of an “epic in the mirror” is concerned.

Keywords: Iliad; Helen; metapoetry.