O espaço do fantástico como leitor das diferenças sociais: uma leitura de “O homem cuja orelha cresceu”

Marisa Martins Gama- Khalil

Resumo


O conto “O homem cuja orelha cresceu”, de Ignácio de Loyola
Brandão, será analisado por intermédio de uma perspectiva que terá por objetivo demonstrar que a narrativa fantástica pode se abrir como espaço de crítica social, ainda que ela trabalhe com situações que fogem às práticas cotidianas. A direção transgressora e desestabilizadora da ambientação
fantástica, que desencadeia no leitor a hesitação, permite que a literatura fantástica, ao enredar o inexplicável, promova a reflexão sobre acontecimentos cotidianos e explicáveis. Ao trabalhar com um protagonista cuja orelha cresce
contínua e assustadoramente, a narrativa expõe a problemática do “mesmo” em contraposição ao “diferente”. As diferenças corporais configuram-se, no conto e na sociedade, como deformações, monstruosidades; o que foge à regra
deve imediatamente realinhar-se a ela ou ser exterminado, como se sugere no final do conto. Para ampararmos nosso enfoque, partiremos das noções de Michel Foucault sobre práticas de subjetivação; de Gilles Deleuze e Félix
Guattari acerca do liso e do estriado; de Umberto Eco sobre a feiúra e sobre o sublime; de Roland Barthes sobre mimese; e de Seligmann-Silva e de Beatriz Sarlo acerca da exposição dos traumas e tragédias humanas pela palavra metamorfoseada da literatura.

Palavras-chave


Fantástico; Diferente; Violência.

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.17.0.89-102

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O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira
ISSN 0102-4809 (impressa) / ISSN  2358-9787 (eletrônica)

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