Semiótica de Úrsula, o aberrante

Luciano Barbosa Justino

Resumo


O objetivo desta leitura de Úrsula, obra de Maria Firmina dos Reis publicado originalmente em 1859, primeiro romance a semiotizar o navio negreiro e outras tantas e relevantes primeiridades, é explorar, com base no episódio da Preta Susana, um capítulo estranho e destoante, como ele tensiona o núcleo dominante da trama, no qual, apesar do que tem dito a fortuna crítica da obra, faltam o trabalho escravo e uma produção de subjetividade eminentemente negra. É a irrupção da máquina capitalista da escravidão no capítulo aberrante “A preta Susana”, que a ideologia da forma teima em tentar ocultar, o foco deste artigo. Entende-se que o mérito e a atualidade inescapável do romance devem-se à tensão instaurada pela semiotização destes dois mundos, da ideologia da forma romântica escravista, recorrente em todo o romance, posta em face da irrupção de um lugar de fala contundentemente negro que Susana dá a ver no capítulo IX, analisados à luz dos conceitos de objeto imediato e de objeto dinâmico da Semiótica.

Palavras-chave


Úrsula; A preta Susana; Semiótica negra; Maria Firmina dos Reis

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.32.4.244-260

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