A posse da palavra é a posse do corpo: relações entre poetry slam e empoderamento negro

Karine Aragão dos Santos Freitas, Talita Rosetti Souza Mendes

Resumo


Este artigo tem como objetivo analisar slam poetrys produzidos por Mel Duarte, por Gabrielly Nunes (Gabz) e por Cleyton Mendes, poetas contemporâneos participantes ativos de Rodas, de Encontros e de Festivais em que essa manifestação artística é, internacionalmente, fomentada em coparticipação com o público. Para elaboração do texto, parte-se do princípio de que novos espaços de fala são novos espaços de escuta e de que o poetry slam é, segundo a slammer e produtora cultural Mel Duarte (2019), um lugar poético-político e democrático, que tem como principal conceito a liberdade de expressão e o livre diálogo como uma ferramenta para construção de novos horizontes. Essa possibilidade de diálogo, associada à reconfiguração dos lugares cristalizados de fala (colonizador) e de escuta (colonizado), atravessa as discussões acerca do empoderamento de grupos subalternizados, em seus processos de autoafirmação, de autovalorização, de autorreconhecimento e de extravasamento de demandas sociais sufocadas. A partir das análises, ressalta-se que o poetry slam marca a insurreição de um corpo – individual e coletivo – que busca a palavra como instrumento de luta e de empoderamento, sobretudo, de grupos negros e periféricos.


Palavras-chave


poetry slam; empoderamento negro; corpo; voz; escuta

Texto completo:

PDF

Referências


BERTH, Joice. O que é empoderamento?. Belo Horizonte: Letramento, 2018. (Feminismos plurais)

CLEYTON Mendes | Crespow | Final Slam da Guilhermina 2017. [S. l.: s. n.], 2020. 1 vídeo (3 min). Publicado pelo canal Slam da Guilhermina. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Yddc9pq2njk. Acesso em: 28 jan. 2022.

DUARTE, Mel. Se querem nos calar, vamos falar mais alto In: DUARTE, Mel (org). Querem nos calar: Poemas para serem lidos em voz alta. Ilustrações de Lela Brandão. São Paulo: Planeta do Brasil, 2019. p. 10-15.

EVARISTO, Conceição. Prefácio In: DUARTE, Mel (org). Querem nos calar: Poemas para serem lidos em voz alta. Ilustrações de Lela Brandão. São Paulo: Planeta do Brasil, 2019. p. 5-10.

FREITAS, Daniela Silva de. Ensaios sobre o rap e o slam na São Paulo contemporânea. 2018. Tese (Doutorado em Literatura, Cultura e Contemporaneidade) – Programa de Pós-graduação em Letras da PUC-Rio, Rio de Janeiro, 2018.

GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 92-93, p. 69-82, jan./jun. 1988. Disponível em: https://negrasoulblog.files.wordpress.com/2016/04/a-categoria-polc3adtico-cultural-de-amefricanidade-lelia-gonzales1.pdf. Acesso em: 21 jan. 2023.

HALL, Stuart. Que “negro” é esse na cultura negra? In: HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Organizadora: Liv Sovik. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003. p. 335-349.

KILOMBA, Grada. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Tradução: Jess Oliveira. Rio de Janeiro: Editora Cobogó, 2008.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. Tradução: Carlos Irineu da Costa. São Paulo: Editora 34, 1999. (Coleção TRANS)

MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção e política da morte. Tradução: Renata Santini. São Paulo: n-1 edições, 2018.

MEL Duarte: “se querem nos calar, vamos falar mais alto”. [S. l.: s. n.], 2019. 1 vídeo (1 minuto). Publicado pelo canal Planeta Livros Brasil. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ruMYcvi6g3o. Acesso em: 14 mar. 2023

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo. A colonialidade do saber: Eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Clacso livros, 2005. p. 114-150.

SANTOS, Ana Carolina Oliveira dos. Meu cabelo não é duro, meu cabelo não é crespo. In: PORTAL GELEDÉS. [S. l.], 03 jan. 2019. Disponível em: https://www.geledes.org.br/meu-cabelo-nao-e-duro-meu-cabelo-nao-e-crespo/. Acesso em: 28 jan. 2022.

SOUZA, Ana Lúcia Silva. Letramentos de Reexistência: culturas e identidades no movimento hip-hop. 2009. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) – Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, 2009.

STROMQUIST, Nelly P. Education as a means for empowering women. In: PARPART, Jane L.; RAI, Shirin M.; STAUDT, Kathleen (Eds.). Rethinking Empowerment: Gender And Development in a Global/Local World. London: Routledge, 2002. p. 22-38.

VENCEDORA Slam Grito Filme 2017 “Gabz”. [S. l.: s. n.], 2017. 1 vídeo (3 min). Publicado pelo canal Grito Filmes. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kZhPvruoeFw. Acesso em: 28 jan. 2022.

XAVIER, Giovana. História social da beleza negra. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2021.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.32.4.261-277

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2024 Karine Aragão dos Santos Freitas, Talita Rosetti Souza Mendes

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.

O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira
ISSN 0102-4809 (impressa) / ISSN  2358-9787 (eletrônica)

License

Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.