Histórias da Cazumbinha: literatura negra infanto-juvenil brasileira em sala de aula

Amanda Santos da Silveira Fernandes, Janaína Vieira da Silva

Resumo


O presente artigo objetiva analisar as estratégias narrativas de Histórias da Cazumbinha, uma narrativa de autoria negra da literatura infanto-juvenil brasileira, e sustentar sua abordagem interdisciplinar em sala de aula do ensino fundamental II. Para isso, se discute a literatura afro-brasileira na escola de modo a desconstruir imagens estereotipadas e resgatar a cultura e a identidade negra na sociedade brasileira. Em um segundo momento, parte-se para a análise dos elementos extrínsecos do livro, em que se discutem critérios de seleção para identificar a qualidade da obra literária de acordo com determinado público. Em seguida, é realizada uma análise do elemento intrínseco da narrativa, mais especificamente do nível do discurso, de modo a compreender as estratégias narrativas com as quais o narrador constrói o enredo. Por fim, elaboram-se propostas de leitura e atividades interdisciplinares para que possam ser utilizadas em aulas do ensino fundamental II. Optou-se por esse nível de escolaridade por verificar que pouco se aborda a literatura negra em sala de aula, não raro apenas por ocasião do Dia da Consciência Negra. Como resultados e discussão, destaca-se que as estratégias narrativas de Histórias da Cazumbinha certificam a noção de que o leitor não é passivo diante da leitura e que cabe a ele interpretar o que está dito, desvendar o não dito e preencher os interstícios da narrativa. Compreende-se que a literatura cumpre seu papel: fomentar o conhecimento e a identificação dos sujeitos leitores à cultura ali representada em forma de brincadeiras de infância e de perspectivas através das quais a criança percebe o mundo.

Palavras-chave


literatura negra brasileira; literatura infanto-juvenil; ensino fundamental; propostas de leitura

Texto completo:

PDF

Referências


BARTHES, R. Introdução à análise estrutural da narrativa. In: BARTHES, R. et al. Análise estrutural da narrativa. Tradução: Maria Zélia Barbosa Pinto. Petrópolis: Vozes, 1971. p. 19-60.

BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 14 mar. 2023.

BRASIL. Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003. Regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombos de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias. Brasília, DF: Presidência da República, 20 nov. 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2003/d4887.htm. Acesso em: 16 dez. 2022.

BRASIL. Portaria nº 35, de 6 de dezembro de 2004. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, n. 237, p. 8, 10 dez. 2004. Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/index.jsp?data=10/12/2004&jornal=1&pagina=8&totalArquivos=96. Acesso em: 16 dez. 2022.

CASSIRER, E. Antropologia filosófica: ensaio sobre o homem – introdução a uma filosofia da cultura humana. Tradução: Vicente Felix de Queiroz. São Paulo: Editora Mestre Jou, 1972.

CAZUMBÁ, M.; BORDAS, M. A. Histórias da Cazumbinha. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2010.

COLOMER, T. Andar entre livros: a leitura literária na escola. São Paulo: Global Editora, 2007.

EVARISTO, C. Literatura negra: uma poética de nossa afro-brasilidade. Scripta, Belo Horizonte, v. 13, n. 25, p. 17-31, 2009.

FANON, F. O negro e a linguagem. In: FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Tradução: Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008. p. 33-51.

FINATTO, M. J. B.; PARAGUASSU, L. B. (org.). Acessibilidade textual e terminológica. Uberlândia: EDUFU, 2022. E-book. Disponível em: https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/35193/1/eClasse_Acessibilidade_Textual.pdf. Acesso em: 14 mar. 2023.

HALL, S. Cultura e representação. Tradução: Daniel Miranda e William Oliveira. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio: Apicuri, 2016.

JARDIM, M. F. Critérios para análise e seleção de textos de literatura infantil. In: SARAIVA, J. A. Literatura e alfabetização: do plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 75-79.

LLOSA, M. V. Em defesa do romance. Piauí, Rio de Janeiro, n. 37, p. 64-69, out. 2009. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/materia/em-defesa-do-romance/. Acesso em: 20 fev. 2023.

PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. de. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2. ed. Novo Hamburgo: Feevale, 2013. E-book.

SAID, E. W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Tradução: Rosaura Eichenberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

SARAIVA, J. A. Narrativa literária: aspectos composicionais e significação. In: SARAIVA, J. A. (org.). Literatura e alfabetização: do plano do choro ao plano da ação. Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 51-61.

SARAIVA, J. A. et al. Palavras, brinquedos e brincadeiras: cultura oral na escola. Porto Alegre: Artmed, 2011.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.0.0.%25p

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2020 Amanda Santos da Silveira Fernandes, Janaína Vieira da Silva

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.

O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira
ISSN 0102-4809 (impressa) / ISSN  2358-9787 (eletrônica)

License

Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.