Biblioteca escolar, literatura e (re)educação das relações étnico-raciais

Renata Amaral Matos Rocha

Resumo


Com esta pesquisa, verificamos quais foram as obras literárias mais acessadas/lidas pelos usuários da Biblioteca Professor Antônio Camilo de Faria Alvim, abrigada no CP-UFMG, para saber se, entre estas obras, há livros de autores negros e/ou indígenas, que tematizam a cultura africana e/ou de afrodescendentes e/ou que versam sobre a cultura indígena, por entendermos que esses são os povos originários do Brasil, alvo de preconceito racial e que no curso da nossa história foram silenciados. Acreditamos que a biblioteca escolar é um espaço muito potente de disseminação da leitura literária, e que pode favorecer a formação de leitores críticos (Lajolo, 1987, Soares, 2006, Cosson, 2014) e potencializar o acesso destes leitores à diversidade de narrativas para se compreender distintas perspectivas sobre os povos, não reforçando uma visão estereotipada nem unicultural sobre eles (Alcaraz; Marques, 2016; Adichie, 2019). Adotamos procedimentos metodológicos ligados à pesquisa quali-quantitativa de natureza aplicada. Os resultados desta investigação nos dão indícios de que ainda lemos muito mais obras de autores brancos, abarcando 98,7% das obras da amostra analisada, que conta com 1,3% de obras de autores de outra cor/raça/etnia diferente de negro ou indígena, e nenhuma obra de autoria representativa desses dois últimos povos foi verificada.


Palavras-chave


biblioteca; literatura; antirracismo

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.32.4.361-383

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