A hipérbole engajada: deserto, céu e oceano em “O navio negreiro”, de Castro Alves

André Sirihal Werkema

Resumo


O poema ampa “O navio negreiro” (1868), de Castro Alves, devido a sua força oratória, foi lido na tradição da história literária brasileira como peça de combate na campanha abolicionista de fins do século XIX. Trata-se aqui não de negar uma tal leitura, evidente por si só, mas de buscar, na estrutura do texto e no uso de imagens tendentes ao exagero, o verdadeiro esteio da potência panfletária do poema. Assim, prestaremos especial atenção ao uso da hipérbole, no sentido amplo do termo, que dimensiona o horror da escravidão representado no poema: de um lado a extrema liberdade, a “imensidade” do oceano, do céu e do deserto; de outro o indizível, a impossibilidade, que se traduzem nos reiterados pedidos pela extinção, pelo aniquilamento do “borrão” em face da imensidão dos céus, do deserto e do oceano. O desvio amplificador instaurado pela hipérbole assume assim sua verdadeira função retórica, ou seja, destina-se a mover afetos partidários – leva o leitor, ao longo da leitura do poema, a estabelecer uma relação de empatia com a causa aí expressa.

Palavras-chave


Elementos retóricos; Hipérbole; Romantismo

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2358-9787.23.2.155-167

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O Eixo e a Roda: Revista de Literatura Brasileira
ISSN 0102-4809 (impressa) / ISSN  2358-9787 (eletrônica)

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