Écfrase na poesia de W. G. Sebald

Maria Aparecida Barbosa

Resumo


A obra crítica e a ficcional de W. G. Sebald se pautam pela incessante busca da linguagem apropriada para tratar a perseguição dos judeus e a violência do nacional-socialismo. O caso de sua poesia não parece ser diferente. Nesta abordagem da poesia se parte do poema Nach der Natur (Ao natural) com o objetivo de analisar as representações visuais prenhes de evocações ao sofrimento de figuras religiosas. Pergunta-se, em consonância com a cautela linguística do conjunto dessa obra ficcional e crítica, de que maneira a sintaxe entre as personagens/personalidades mencionadas e as imagens intercaladas constituem igualmente a pesquisa do tom adequado para se reportar à história. À procura de respostas para essas questões iniciais, se analisa a écfrase poética presente nesse poema pleno de alusões a obras plásticas que vêm acompanhadas das respectivas descrições. À guisa de ilustração se recorre neste artigo à primeira parte do poema acerca das figuras religiosas compostas por Matthias Grünewald - artista de expressão renascentista/barroca que ficou conhecido pelas abordagens do sofrimento humano. Por sua vez, as reflexões que Sebald empreende sobre a pintura hiperrealista de Jan Peter Tripp e o modo diferenciado como Jean Améry insere fraturas em seus textos sobre tortura com a finalidade de burlar a acedia e estimular a leitura mais consciente iluminam o procedimento poético no longo poema Ao natural. O que mais justifica a analogia é a fratura que emerge da terceira parte do poema, uma écfrase concernente à pintura de Altdorfer.

Palavras-chave


Sebald; poesia; Ao natural; écfrase

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2179-8478.12.1.121-134

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ISSN 2179-8478 (eletrônica)

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