E quando não houver ruínas?

Roberto Robalinho

Resumo


Resumo: Em junho de 2013 as ruas do Brasil foram tomadas por manifestantes. Se os protestos surpreendem e desestabilizam a realidade social com novas formas de ação política, esses processos tomam corpo através de uma relação contígua e simultânea com as imagens. Como podemos olhar para a relação liminar entre a multidão nas ruas e as telas para acessar a produção política e subjetiva de junho de 2013? Benjamin propõe um olhar sobre a história que não seja descritivo, linear e triunfalista, mas lacunar, sintomático, disruptivo, intensificado e capaz de atualizar as forças políticas no presente. Mais do que olhar o passado, Benjamin deseja intervir no presente. É a partir dessa provocação que olhamos as imagens de junho de 2013, mais especificamente para uma série de planos sequência que foram produzidos durante a noite de 17 de julho de 2013 quando o Bairro do Leblon foi tomado por manifestantes e barricadas em chamas. Porque o plano sequência e de que forma esta unidade de linguagem cinematográfica incorpora uma experiência das ruas insurgentes?

Palavras-chaves: junho de 2013; imagem; história; produção política; produção subjetiva; plano sequência.

Abstract: In June 2013 Brazilian streets were overtaken by protests. If new forms of political action capable of disrupting social reality were invented, this process was lived through a contiguous and simultaneous relation with images. How can we access June’s 2013 political and subjective production through the liminal relation between its images and the crowd on the streets? Benjamin proposes an approach to history that is not explanatory, linear and triumphant, on the contrary is fragmented, symptomatic, disruptive, intensified and able to bring forth political forces in the present. More than looking at the past, Benjamin desires to intervene in the present. This is a starting point to look at June 2013 images, more specifically, to a series of long shots that were produced in 2013 during the night of the 17 of July when the posh neighborhood of Leblon was overwhelmed by protesters and blazing barricades. Why the use of long shots and how does this unity of cinematic discourse express an experience of the insurgent streets?

Keywords: June 2013; image; history; political production; subjective production; long shot.


Palavras-chave


June 2013; image; history; political production; subjective production; long shot.

Texto completo:

PDF

Referências


BACHELARD, Gaston. A chama de uma vela. Rio de Janeiro: Editora Bertrand Brasil, 1989.

BAZIN, André. O Cinema: ensaios. São Paulo: Editora Brasiliense, 1991.

BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas. v 1: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 2008.

DELEUZE, Gilles. Conversações. São Paulo: Editora 34, 2008.

DELEUZE, Gilles. A imagem-tempo. São Paulo: Editora Brasiliense, 2009.

DIDI-HUBERMAN, Georges. Sobrevivência dos vaga-lumes. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2011.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. História e narração em Walter Benjamin. São Paulo: Perspectiva, 1999.

GUATTARI, Félix. Left as processual passion. In: GENOSKO, Gary. The Guattari reader. Oxford: Blackwell, 1996.

NEGRI, Antonio. Uprising as an event. In: DIDI-HUBERMAN, Georges. Uprisings. Paris: Gallimard; Jeau de Paume, 2016.

PALBERT, Peter Pál. A terra a guerra e a insurreição. Revista Ecopós, v. 18, n. 2, p. 161-170, 2015.

RANCIERE, Jaques. One uprising can hide another. In: DIDI-HUBERMAN, Georges. Uprisings. Paris: Gallimard; Jeau de Paume, 2016.

SAFATLE, Vladimir. Quando as ruas queimam: manifesto pela emergência. São Paulo: N-1 Edições, 2016.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2179-8478.13.1.95-110

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Cadernos Benjaminianos
ISSN 2179-8478 (eletrônica)

Licença Creative Commons
Licenciada sob uma licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.