Uma revolução chamada Bocage: inadaptação e libertação

Eloísa Porto Corrêa

Resumo


Resumo: O presente artigo aborda as marcas da inadaptação social e diferentes maneiras de se pregar a liberdade na obra revolucionária de Bocage, poeta em trânsito entre dois mundos, o neoclássico iluminista e o romântico anti-iluminista. Para tanto, estabelecendo diálogos com a fortuna crítica bocageana, analisaremos algumas poesias líricas, satíricas e obscenas do autor. O estudo se justifica pela necessidade de entendermos melhor o conjunto da obra de Bocage, que ora satiriza tiranos, hipócritas e medíocres; ora enfoca o amor puro, ora o sensual, em cenários luminosos ou noturnos, ora em uma linguagem polida, ora obscena; construindo uma vasta galeria de figuras femininas castas ou libertinas, tiranas ou tiranizadas, amadas por um eu poético libertário, numa sociedade opressora e moralista. Além disso, a obra do poeta se revela fértil terreno para o estudo crítico da arte e do contexto histórico-cultural da segunda metade do século XVIII.
Palavras-chave: Bocage; Iluminismo; revolução; inadaptação; libertação.

Abstract: This article talks about social maladjustment and different ways to search freedom in the revolutionary poetry of Bocage, poet between two worlds, the Enlightenment neoclassical and the romantic. Therefore, establishing dialogues with the critical work of the Bocage, we analyze some poems lyrical, satirical and bawdy. The study is justified by the need to better understand the whole work of Bocage, which satirizes tyrants, hypocrites and mediocre, focuses on caste love, sometimes the sensual. In light or nighttime scenarios, sometimes in a polished language, sometimes obscene, he builds a vast gallery of female figures castes or libertines, loved by a poetic-self libertarian, an oppressive society and morality. In addition, the work of the poet reveals fertile ground for the critical study of art and historical-cultural context of the second half of the eighteenth century.
Keywords: Bocage; Enlightenment; revolution; maladjustment; freedom.


Texto completo:

PDF

Referências


ALEXANDRIAN. A Idade de Ouro da Libertinagem. In: ______. História da Literatura Erótica. Rio de Janeiro: Rocco, 1993. p. 161-220.

ANSELMO, A. Bocage e a crítica. In: Bocage: Lisboa: Verbo, 1972. (Coleção Gigantes da Literatura Universal.).

AZEVEDO FILHO, L. A. de. O Contra-Iluminismo na Poesia de Bocage. Rio de Janeiro, SBLL, 2003.

BATAILLE, G. Visions of excess: selected writings, 1927-1939. Minneapolis: University of Minnesota Press, 2006.

BOCAGE. Antologia poética. 4. ed. Lisboa: Ulisseia, 2001.

BOCAGE. Obra completa. Porto: Caixotim, 2004. V. VII: Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas.

BOCAGE. Poemas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1987.

CARVALHO, F. R. Um Iluminismo Português? A Reforma da Universidade de Coimbra de 1772. Brasília: UnB, 2007.

CIDADE, H. Bocage e a crítica. In: Bocage: Lisboa: Verbo, 1972. (Coleção Gigantes da Literatura Universal.).

CIDADE, H. Ensaio sobre a crise cultural do século XVIII. Lisboa: Presença, 2005.

COELHO, J. do P. Bocage e a crítica. In: Bocage: Lisboa: Verbo, 1972. (Coleção Gigantes da Literatura Universal.).

DARNTON, R. Boemia Literária e Revolução: o submundo das letras no Antigo Regime. São Paulo: Cia das Letras, 1987.

DARNTON, R.; ROCHE, D. (Org.). Revolução Impressa: a imprensa na França 1775-1800. São Paulo: EdUSP, 1996.

GONÇALVES, Adelto. Bocage: O Perfil Perdido. Lisboa: Caminho, 2003.

HOBSBAWM, E. J. A Era das Revoluções: Europa 1789-1848. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

LEMOS, E. de. Bocage e a crítica. In: Bocage: Lisboa: Verbo, 1972. (Coleção Gigantes da Literatura Universal.).

LEMOS, E. de. Elmanismo e Filintismo. In: Bocage: Lisboa: Verbo, 1972. (Coleção Gigantes da Literatura Universal.).

LOURENÇO, E. Nós e a Europa: ou as duas razões. Lisboa: INCM, 1994.

MACEDO, H. Camões e a Viagem Iniciática. Lisboa: Moraes Editores, 1980.

MACEDO, H. Rótulos. In: Trinta Leituras. Liboa: Editorial Presença, 2007. p. 269-270.

MAFFEI, L. C. de S. Para sair da gaveta o Bocage obsceno. In: XX ENCONTRO DA ABRAPLIP. Anais... Niterói: UFF, 2005.

MENDES, J. Bocage de perto. In: Bocage: Lisboa: Verbo, 1972. (Coleção Gigantes da Literatura Universal.).

MURTA, G. (Sel., prefácio e notas). Bocage: poesias. 4. ed. Lisboa: Sá da Costa, 1966.

NEMÉSIO, V. A vida e as obras de Bocage. In: Bocage: Lisboa: Verbo, 1972. (Coleção Gigantes da Literatura Universal.).

PÉCORA, A. Parnaso de Bocage, rei dos brejeiros. In: NOVAES, A. (Org.). Libertinos e Libertários. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 103-136.

PIRES, D. Eis Bocage... duzentos anos depois. Bocage, poeta da liberdade. Poesia erótica de Bocage. Bocage lírico. Bocage tradutor. Uma perspectiva brasileira de Bocage. Bocage anedótico. In: Bocage 1765-1805. Lisboa: BN, 2005. Disponível em: http://purl.pt. Acesso em: 22 out. 2011.

PIRES, D. Introdução. In: Bocage. Obra completa. Porto: Caixotim, 2004. V. VII: Poesias Eróticas, Burlescas e Satíricas.

ROUANET, S. P. Dilemas da moral iluminista. In: NOVAES, A. (Org.). Ética. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. p. 149-162.

ROUANET, S. P. O Desejo Libertino entre o Iluminismo e o Contra-Iluminismo. In: NOVAES, A. (Org.). O Desejo. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 167-197.

SOBOUL, A. A Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Zahar, 1964.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2238-3824.18.1.75-96

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2013 Eloísa Porto Corrêa