Para estimular a pesquisa multidisciplinar em Literatura e Outras Artes, a Revista do Centro de Estudos Portugueses vem contemplar o tema “Mulheres Artistas – do modernismo à contemporaneidade”. Se em Portugal os modernistas de Orpheu e Presença não abriram as portas dos seus cenáculos às mulheres, nem se interessaram senão tardiamente pelas obras de escritoras que, apesar de evidente talento, trilharam solitárias e estigmatizadas os seus caminhos literários, como aconteceu com Florbela Espanca, Irene Lisboa, Judith Teixeira e Beatriz Delgado, entre outras – no Brasil, curiosamente, as mulheres destacaram-se antes, durante e depois da Semana de Arte Moderna de 1922, e não só na pintura e na escultura, como também na literatura, no teatro e no cinema. E do outro lado do hemisfério sul, nos países africanos de língua portuguesa, as mulheres artistas começam a adentrar a cena literária durante e após as guerras de independência, como ocorreu na literatura com Alda Lara, Paulina Chiziane e Vera Duarte, e, nas artes plásticas, com a ceramista Reinata Sadimba, de Moçambique. Suscitar reflexões sobre a produção artística de mulheres e sobre a construção de figuras femininas em literatura e em outras artes modernas, com foco na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa é o intuito do segundo número de 2024 da Revista do CESP.

Data-limite para envio de originais: 15/08/2024

CHAMADA PARA SUBMISSÕES

Revista do Centro de Estudos Portugueses

Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais

1.º Semestre de 2025

Dossiê: Camilo Castelo Branco e a Irrequieta Heterodoxia

No ano em que se comemora o bicentenário do nascimento do escritor, o primeiro número de 2025 da Revista do Centro de Estudos Portugueses será dedicado a Camilo Castelo Branco. A despeito de ser um dos instauradores da modernidade literária no contexto da lusofonia, está longe de ser pacífico o sentido do seu legado. Persiste de certo modo um interesse vinculado à fecundidade operante da sua obra não raro marcada, porém, por uma dupla generalidade no que respeita ao seu valor estético e histórico. De um lado, a visão que a restringe, com afronta de toda a justiça, aos lugares-comuns de um romantismo que já passou pela ampulheta do tempo e aos arquivos empoeirados de um clássico da língua. De outro lado, a visão que a toma por fonte surpreendente e diversa de originalidade possivelmente inesgotável, acima de qualquer suspeita, sem atentar para a existência dos limites objetivos que a cercam. Se posições assim totalizantes não satisfazem, é porque não abrem caminho para as reais contradições que alimentam a atualidade do seu interesse. Não por acaso Óscar Lopes falou em “irrequieta heterodoxia”, ao refletir sobre Camilo, caracterizando assim não só a atitude no escritor refratária à estabilidade, mas formulando do mesmo modo um protocolo para a apreciação crítica da obra orientado pela mesma abertura à inconstância. Com isso em mente, convida-se a comunidade científica para o envio de textos que recoloquem em novas chaves essa mesma disposição de leitura que sempre marcou os importantes momentos da fortuna camiliana. São bem-vindas contribuições que discutam os aspectos permanentemente críticos da obra; revisem interpretações já sedimentadas; levem em conta os diferentes gêneros praticados, da ficção narrativa à historiografia, da poesia ao jornalismo, do drama à crítica literária, da tradução à epistolografia; que contemplem episódios da recepção; articulem a vida e a obra e as dificuldades do biografismo do Mestre de Seide; proponham estudos comparativos; e o que mais parecer pertinente à ocasião dos 200 anos.

Organizadores: Daniel Reizinger Bonomo (UFMG) e  Tânia Furtado Moreira (CITCEM / U. Porto)

Data-limite para envio de originais: 30/10/2024

Os trabalhos deverão ser encaminhados via Portal de Periódicos da Faculdade de Letras – UFMG.

http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/cesp