Cinatti, improvável “maître à penser”: “ecce homo”…

Vera Borges

Resumo


Cinatti consubstancia em si o ideal do poeta profeta, portador de uma revelação, na tradição dos primeiros românticos, extremada na versão rimbaudiana, remontando as suas raízes à Grécia. Visionária e libertária, modelar no rigor científico, íntegra na abordagem confessional, a multifacetada e no entanto profundamente consequente obra de Cinatti começa hoje a merecer uma mais generalizada admiração, como a de que era alvo por um pequeno círculo de entendidos e cúmplices na aventura poética, que se tinham iniciado com ele, como ele, nos idos dos anos 40 do século passado. A sua obra, sempre lúcida e exigente, é consistente até na manifestação do desnorte. Em virtude da assunção plena de hesitações, contradições e incapacidades, do seu desassombro e versatilidade, Cinatti revela-se um improvável e desafiante maître à penser para o nosso tempo. Podemos ver também nele uma encarnação eloquente do “Ecce Homo”, o Homem das Dores, à escala da humanidade cinattiana: torturado, ciente desde muito cedo do seu pendor ou fundo lodoso,simultaneamente iniludível (em termos humanos), mas resgatável (pela graça divina).

Palavras-chave


Ruy Cinatti; Poesia Portuguesa; Modernidade.

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2359-0076.35.54.53-63

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