O retrato da tirania e do vampiro em O barão, de Branquinho da Fonseca / The Representation of Tyranny and the Vampire in O barão, by Branquinho da Fonseca

Vitor Hugo Costantino

Resumo


Resumo: António José Branquinho da Fonseca (1905-1974) foi um autor do chamado “Segundo Modernismo” em Portugal e esteve vinculado aos ideais estéticos difundidos pela Presença, influente revista modernista portuguesa fundada em 1927. A produção literária de Branquinho mais conhecida é a novela O barão (1942), publicada originalmente sob seu pseudônimo António Madeira. A partir das personagens, que oscilam entre o real e o fantástico, surgem múltiplas possibilidades de interpretação dessa narrativa, entre as quais aquela que explora a construção da personagem do Barão vinculada a uma simbologia draculesca de viés expressionista, conferindo-lhe uma personalidade singularmente tirânica. Este estudo comparado concentra-se na análise da representação da tirania e do vampiro na obra de Branquinho, estabelecendo paralelos com o romance Drácula (1897), de Bram Stoker. Ao examinar a narrativa à luz do mito do vampiro, é possível identificar camadas simbólicas que remetem à tirania e à exploração, elementos que podem ser interpretados como uma metáfora para as práticas autoritárias do regime salazarista. O vampirismo, muitas vezes associado à busca insaciável de poder e controle, pode ser entendido como uma representação alegórica das políticas opressivas e da dominação exercida pelo governo de Salazar.

Abstract: António José Branquinho da Fonseca (1905-1974) was an author of the “Second Modernism” in Portugal and was linked to the aesthetic ideals spread by the Presença, influential Portuguese modernist magazine founded in 1927. Branquinho’s best-known literary production is the novel O barão (1942), originally published under his pseudonym António Madeira. From the characters, who oscillate between the real and the fantastic, multiple possibilities of interpretation of this narrative arise, including the one that explores the construction of the Baron’s character linked to a Draculesque symbolism with an expressionist bias, giving him a singularly tyrannical personality. This comparative study focuses on the analysis of the representation of tyranny and the vampire in Branquinho’s work, establishing parallels with the novel Dracula (1897), by Bram Stoker. When examining the narrative in light of the vampire myth, it is possible to identify symbolic layers that refer to tyranny and exploitation, elements that can be interpreted as a metaphor for the authoritarian practices of the Salazar regime. Vampirism, often associated with the insatiable search for power and control, can be understood as an allegorical representation of the oppressive policies and domination exercised by Salazar’s government.


Palavras-chave


Branquinho da Fonseca; literatura portuguesa; vampirismo; portuguese literature; vampirism.

Texto completo:

PDF

Referências


COPERTINO, M. V. Cinema e literatura: Oliveira, Régio e a Presença. São Paulo: Todas as Musas, 2022.

FONSECA, B. O barão. São Paulo: Verbo, 1973.

JUNQUEIRA, R. S. O ensino da Literatura Portuguesa em perspectiva interdisciplinar: O Barão em texto, palco e tela. In: CARDOSO, P. S.; BUENO, L. (orgs.). Nós e as palavras. Cotia (SP): Ateliê Editorial, 2018. p. 93-110.

PÊRA, E. (dir.). O barão. Portugal, 2011, ficção, 35 mm, p&b.

RODRIGUES FILHO, J. M. O Barão, de Branquinho da Fonseca: de sua fortuna crítica a um estudo temático-comparativo. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2008.

SEABRA, J. História da Literatura Portuguesa. Lisboa: Publicações Alfa, 2003.

STOKER, B. Drácula. Trad.Vera M. Renoldi São Paulo: Nova Cultural, 2002.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2359-0076.44.71.%25p

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


Direitos autorais 2024 Vitor Hugo Costantino

Revista do Centro de Estudos Portugueses
ISSN 1676-515X (impressa) / ISSN 2359-0076 (eletrônica)

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional

.