Et me remorsurum petis? Uma promessa de invectiva nos Epodos de Horácio
Resumo
Resumo: É de grande conhecimento – e tema de rara concordância – entre os classicistas que o poeta romano Quinto Horácio Flaco é um grande ironista. Sua poesia está repleta de duplos sentidos, autoderrisão e logros; mas alguém poderia perguntar o que acontece (ou o que se performa) quando encaramos o gume da ironia em termos de política. Nesse caso, o livro de Epodos, publicado pouco tempo depois da Batalha do Ácio (31 a.C.), pode servir como um exemplo perfeito de como um livro poético seria capaz de apresentar um projeto político complexo por meio das ambages da ironia. Para realizar essa leitura, analisarei aqui os sete primeiros epodos, com ênfase no último deles.
Palavras-chave: invectiva; Horácio; Epodos; poesia romana; tradução.
Abstract: It is well known among classicists – and a matter of rare agreement – that the Roman poet Quintus Horatius Flaccus (Horace) is a great ironist. His poetry is full of double meanings, self mockery and deceptions; but one could ask what happens (or what is performed) when we are facing irony’s edge in political terms. In such a case, the book of Epodes, published a few years after the Battle of Actium (31 BC), may well serve as perfect example of how a poetic book could be able to present a complex political project through the meanders of irony. In order to accomplish that reading, I will analyze here the first 7 epodes with emphasis on the last one.
Kewords: invective; Horace; Epodos; Roman poetry; translation.
Resumo: É de grande conhecimento – e tema de rara concordância – entre os classicistas que o poeta romano Quinto Horácio Flaco é um grande ironista. Sua poesia está repleta de duplos sentidos, autoderrisão e logros; mas alguém poderia perguntar o que acontece (ou o que se performa) quando encaramos o gume da ironia em termos de política. Nesse caso, o livro de Epodos, publicado pouco tempo depois da Batalha do Ácio (31 a.C.), pode servir como um exemplo perfeito de como um livro poético seria capaz de apresentar um projeto político complexo por meio das ambages da ironia. Para realizar essa leitura, analisarei aqui os sete primeiros epodos, com ênfase no último deles.Palavras-chave: invectiva; Horácio; Epodos; poesia romana; tradução.Abstract: It is well known among classicists – and a matter of rare agreement – that the Roman poet Quintus Horatius Flaccus (Horace) is a great ironist. His poetry is full of double meanings, self mockery and deceptions; but one could ask what happens (or what is performed) when we are facing irony’s edge in political terms. In such a case, the book of Epodes, published a few years after the Battle of Actium (31 BC), may well serve as perfect example of how a poetic book could be able to present a complex political project through the meanders of irony. In order to accomplish that reading, I will analyze here the first 7 epodes with emphasis on the last one. Keywords: invective; Horace; Epodes; Roman poetry; translation.Palavras-chave
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PDFReferências
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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/1983-3636.12.2.135-157
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