As serpentes de Virgílio e de Odorico Mendes: efeitos poéticos e autotextualidade em Geórgicas, 3.414-439 e em dois passos do canto 2 da Eneida / The Snakes of Vergil and Odorico Mendes: Poetic Effects and Self-Intertextuality in Georgics 3.414-439 and in Two Passages from the Book 2 of the Aeneid
Resumo
Resumo: Neste artigo, examinaremos a passagem 3.414-439 das Geórgicas, em que Virgílio adverte sobre os perigos representados pelos ofídios venenosos ao gado, e buscaremos demonstrar, a partir desse belo trecho, um traço marcante do estilo virgiliano: a criação de efeitos poéticos de som, sintaxe e ritmo. Também analisaremos as relações autotextuais que se estabelecem entre alguns desses versos e duas famosas passagens da Eneida: o episódio da morte do sacerdote Laocoonte e de seus filhos por duas serpentes saídas do mar (En., 2.199-227) e o início do trecho que narra a execução do rei Príamo por Pirro (En., 2.469-475). Concomitantemente, refletiremos sobre como todos esses aspectos foram contemplados na versão poética de um dos maiores tradutores de Virgílio para o nosso idioma, Manuel Odorico Mendes (1799-1864).
Palavras-chave: Virgílio; Geórgicas 3; Eneida 2; Odorico Mendes; serpentes; autotextualidade.
Abstract: In this article we will discuss the passage 3.414-439 from the Georgics, in which Vergil warns of the dangers posed by poisonous snakes to the cattle. We will use this passage to try to demonstrate a striking feature of Vergil’s style: the production of poetic effects of sound, syntax and rhythm. We will also analyse the self-intertextual relations that are established between some of these verses and two famous passages of the Aeneid: the episode of the death of Laocoon and his sons by two giant sea-snakes (Aen. 2.199-227) and the passage that recounts the murder of King Priam by Pyrrhus (Aen. 2.469-475). At the same time, we will reflect on how all these aspects were contemplated in the poetic Portuguese version by Manuel Odorico Mendes, one of the greatest translators of Vergil into Portuguese.
Keywords: Vergil; Georgics 3; Aeneid 2; Odorico Mendes; snakes; self-intertextuality.
Palavras-chave
Texto completo:
PDFReferências
AURÉLIO, A. B. H. F. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.
BARCHIESI, A. Some Points on a Map of Shipwrecks. In: ______. Speaking Volumes. Narrative and intertext in Ovid and other Latin Poets. Londres: Duckworth, 2001. p. 141-154. Tradução inglesa do original italiano: Otto punti su una mappa dei naufragi.
CESILA, R. T. O palimpsesto epigramático de Marcial: intertextualidade e geração de sentidos na obra do poeta de Bílbilis. 2008. 298f. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp, Campinas, 2008.
CONINGTON, J.; NETTLESHIP, A. The Works of Virgil. With a commentary by John Conington and Henry Nettleship. Londres: George Bell and Sons, 1898.
ERNOUT, A.; MEILLET, A. Dictionnaire étymologique de la langue latine. Histoire des mots. Paris: Klincksieck, 2001.
FEDELI, P. Le intersezioni dei generi e dei modelli. In: G. CAVALLO; P. FEDELI; A. GIARDINA (org.). Lo Spazio letterario di Roma Antica. Roma: Salerno, 1989. p. 375-397. v. 1.
FOWLER, D. Roman Constructions: Readings in Postmodern Latin. Oxford, New York: Oxford University Press, 2000.
HINDS, S. Allusion and Intertext: Dynamics of Appropriation in Roman Poetry. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.
MAYER, R. Geórgicas de Vergílio: versão em prosa dos três primeiros livros e comentários de um agrônomo. Lisboa: Sá da Costa, 1948.
MENDES, M. O. Bucólicas. Tradução e notas de Odorico Mendes. Edição anotada e comentada pelo Grupo de Trabalho Odorico Mendes. Cotia: Ateliê Editorial; Campinas: Editora da Unicamp, 2008.
MENDES, M. O. Eneida Brasileira. Tradução poética da epopéia de Públio Virgílio Maro. Organização de Paulo Sérgio de Vasconcellos et alii. Campinas: Editora da Unicamp, 2008.
MENDES, M. O. Eneida Brazileira ou traducção poetica da epopea de Publio Virgilio Maro. Paris: Typographia de Rignoux, 1854.
MENDES, M. O. Geórgicas de Virgílio. Tradução de Odorico Mendes. Organização de Paulo Sérgio de Vasconcellos et alii. Edição anotada e comentada pelo Grupo de Trabalho Odorico Mendes. Campinas: Editora da Unicamp; Cotia: Ateliê Editorial, 2019. No prelo.
MENDES, M. O. Virgilio Brazileiro ou traducção do poeta latino por Manuel Odorico Mendes. Paris: Typographia de W. Remquet, 1858.
MORAES, A. de M. Silva. Diccionario de lingua portuguesa. Rio de Janeiro: Officina da S. A. Litho/Typographia Fluminense, 1922.
VASCONCELLOS, P. S. de. Efeitos Intertextuais na Eneida de Virgílio. São Paulo: Humanitas, 2001.
VASCONCELLOS, P. S. de. Introdução à Eneida de Odorico Mendes. In: M. O. MENDES. Eneida Brasileira. Tradução poética da epopéia de Públio Virgílio Maro. Organização: Paulo Sérgio de Vasconcellos et alii. Campinas: Editora da Unicamp, 2008. p. 9-18.
VIRGÍLIO. As Eclogas e Georgicas de Vergilio. Tradução de Leonel da Costa Lusitano. Lisboa: Oficina de Miguel Manescal da Costa, 1761.
VIRGÍLIO. Geórgicas. Poema Didático. Tradução, comentário e notas elucidativas de Casemiro Leopoldo Chociay. São Paulo: PerSe, 2019.
VIRGÍLIO. Geórgicas. Tradução de Antonio Feliciano de Castilho. Rio de Janeiro: Jackson, 1952.
VIRGÍLIO. Obras de Virgílio. Tradução de Agostinho da Silva. Lisboa: Temas e Debates, 1997.
VIRGÍLIO. Traducção livre ou imitação das Georgicas de Virgilio em verso solto, e outras mais composições poeticas. Tradução de Antonio José Ozorio de Pina Leitão. Lisboa: Typografia Nunesiana, 1794.
DOI: http://dx.doi.org/10.17851/1983-3636.15.2.123-142
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Direitos autorais 2019 Robson Tadeu Cesila
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.
Nuntius Antiquus
ISSN 2179-7064 (impressa) / ISSN 1983-3636 (eletrônica)
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional.