Padrões de uso dos dois pontos e reticências em traduções de Paulo Henriques Britto como traço do estilo do tradutor

Célia Maria Magalhães, Ícaro Luiz Rodrigues de Melo

Abstract


Resumo: Estudos sobre pontuação e estilo de tradutores, incipientes nos estudos da tradução, observam que há mudanças obrigatórias ou opcionais de pontuação nos textos traduzidos (TT) que alteram o estilo dos textos-fonte (TF). Este artigo investiga o uso dos dois pontos e das reticências como provável traço do estilo do tradutor. O objetivo é mostrar que há padrões de preferência do tradutor usados provavelmente visando o público-alvo da tradução. Estudos sobre o estilo do tradutor, como Baker (2000), Munday (2008) e Saldanha (2011), May (1997), Minelli (2005) e Novodvorski (2013) servem de base teórica para a análise a que se propõe este trabalho. São também usados estudos sobre uso da pontuação no inglês e português (QUIRK et al., 1985; HALLIDAY, 1985; TUFANO, 2005). O corpus de análise é composto por três coletâneas de contos de autores americanos como, Philip Roth, John Updike e Jumpha Lahiri e as respectivas traduções para o português, de Paulo Henriques Britto, integrantes do Corpus ESTRA (MAGALHÃES, 2014). Na metodologia de análise foram usadas ferramentas do programa WordSmith Tools© 6.0 para gerar automaticamente dados estatísticos e linhas de concordâncias. O programa Microsoft Word 2010 foi usado para alinhamento e categorização dos recursos de pontuação analisados. Os resultados obtidos confirmam padrões de preferências tradutórias de Paulo H. Britto no uso dos dois pontos e reticências, marcando fronteiras diferentes entre orações, provavelmente visando à compreensão do público-alvo. Confirmam também o argumento de Saldanha (2011) segundo a qual o estilo do tradutor pode ser influenciado pela narrativa do TF.

Palavras-chave: estilo do tradutor; pontuação; ferramentas de corpus; Paulo Henriques Britto.

Abstract: Studies on punctuation and translator’s style, still in their infancy in translation studies, show obligatory or optional shifts in translated texts that change the style of source texts. This article investigates the use of colons and suspension dots as a feature of translator’s style. The aim is showing that there are translator’s preference patterns probably oriented towards the translation audience. Research work such as Baker (2000), Munday (2008), Saldanha (2011), May (1997), Minelli (2005) and Novodvorski (2013) are used as the theoretical framework for the analysis carried out in the study. Studies on punctuation in English and Portuguese (QUIRK et al., 1985; HALLIDAY, 1985; TUFANO, 2005) are also used. The corpus analyzed is composed of three collections of short stories by Philip Roth, John Updike and Jumpha Lahiri and their translation into Brazilian Portuguese by Paulo Henriques Britto. The texts are part of Corpus ESTRA (MAGALHÃES, 2014). Corpus tools of WordSmith Tools© 6.0 were used in the methodology to generate statistic data automatically and concordance lines. Microsoft Word 2010 was also used for text alignment and the categorization of shifts in the use of punctuation marks. The findings confirm patterns of translator’s choice in using colons and suspension dots with different frontiers between clauses that probably help the translation audience in their understanding of the texts. They also confirm Saldanha’s (2011) argument that the translator’s style can be influenced by the source text narrative.

Keywords: Translator’s Style; Punctuation; Corpus tools; Paulo Henriques Britto.


Keywords


Translator’s Style; Punctuation; Corpus tools; Paulo Henriques Britto.

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2237-2083.25.1.305-332

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