A diacronia e a sincronia dos pronomes de primeira pessoa do plural "Nós" e "A gente" no português brasileiro e no português uruguaio

Cíntia da Silva Pacheco

Abstract


Resumo: É importante analisar o percurso histórico da expressão lexical a gente até sua gramaticalização em pronome, com base na descrição diacrônica e sincrônica dos pronomes nós e a gente. Por isso, este estudo explica brevemente a origem do pronome a gente no latim e no português arcaico, estabelece uma comparação entre as gramáticas tradicionais e as descritivas, no que se refere à abordagem de nós e a gente, e explica sucintamente o funcionamento dos pronomes de primeira pessoa do plural no português brasileiro atual, no português uruguaio e no espanhol uruguaio, para que possamos entender melhor a complexidade desse fenômeno em termos de semelhanças e diferenças entre essas variedades linguísticas.

Palavras-chave: variação nós e a gente; português brasileiro; português uruguaio.

Abstract: It is important to analyze the historical trajectory of the lexical expression a gente until its grammaticalization as a pronoun, from the diachronic and synchronic description of the pronouns nós and a gente. For that reason, we briefly explain the origin of the pronoun a gente, in Latin and in archaic Portuguese, we compare the approach of nós and a gente presented on traditional grammars and descriptive grammars, and we succinctly explain the current functioning of the first-person plural pronouns in Brazilian Portuguese, Uruguayan Portuguese and Uruguayan Spanish, so we can better understand the complexity of this phenomenon in terms of similarities and differences among these linguistic varieties.

Keywords: nós and a gente variation; Brazilian Portuguese; Uruguayan Portuguese.


Keywords


nós and a gente variation; Brazilian Portuguese; Uruguayan Portuguese

References


AGUIAR, Ofir Bergemann de. O pronome on na tradução do conto “L’aveugle”, de Maupassant: os estudos lingüísticos sub-frásticos devem ser ainda considerados? Tradterm, [S.l.], v. 8, p. 81-98, abr. 2002. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/tradterm/article/view/49122. Acesso em: 5 out. 2014.

ALMEIDA, Napoleão M. Gramática metódica da Língua Portuguesa. 43. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

BAGNO, Marcos. A norma oculta: língua e poder na sociedade brasileira. São Paulo: Parábola, 2003.

BAGNO, Marcos. Dramática da língua portuguesa. São Paulo: Loyola, 2005.

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. rev. e ampl. 14ª reimpr. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004.

BORTONI-RICARDO, Stella Maris. A análise do português em três continua: o continuum rural-urbano, o continuum de oralidade-letramento e o continuum de monitoração estilística. In: GROBE, S.; ZIMMERMANN, K. “Substandard” e mudança no português do Brasil. Frankfurt am Main: TFM, 1998. p. 101-118.

BRUSTOLIN, Ana Kelly Borba da Silva. Uso e variação de nós e a gente na fala e escrita de alunos do ensino fundamental. In: ENCONTRO DO CELSUL, IX., 2010, Palhoça, SC. Anais... Palhoça-SC: Universidade do Sul de Santa Catarina. 2010. Disponível em: http://www.celsul.org.br/Encontros/09/artigos/Ana%20Brustolin%20_1.pdf. Acesso em: 22 ago. 2014.

CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas. Antologia. Ed. por Evanildo Bechara e Segismundo Spina. Cotia: Ateliê, 1999. Disponível em: http://books.google.com.br/books?id=I_T9Fqq5A7cC&printsec=frontcover&dq=os+lusiadas&hl=en&sa=X&ei=bPoaVNiFFcTBggSmm4D4Cg&ved=0CD8Q6wEwBA#v=onepage&q=os%20lusiadas&f=false. Acesso em: 18 set. 2014.

CAMÕES, Luís Vaz de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003.

CARVALHO, Ana Maria. Rumo a uma definição do português uruguaio. Revista Internacional de Linguística Iberoamericana, Iberoamericana Editorial Vervuert, n. 2, p. 125-149, 2003a.

CARVALHO, Ana Maria. The sociolinguistic distribution of (lh) in Uruguayan Portuguese: a case of dialect diffuscion. In: MONTRUL, S.; ORDÓÑEZ, F. (Ed.). Linguistic theory and language development in Hispanic languages. Somerville, MA: Cascadilla Press, 2003b. p. 30-44.

CASTILHO, Ataliba T. de. Nova gramática do português brasileiro. 1. ed., 1. reimp. São Paulo: Contexto, 2010.

CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

DICIONÁRIO MULTILÍNGÜE: Português, Inglês, Francês, Alemão, Italiano, Espanhol. Reader’s Digest Brasil, 1998.

ELIZAINCÍN, Adolfo. Dialectos en contacto: Español y portugués en España y América. Montevidéu: Arca, 1992.

ELIZAINCÍN, A.; BEHARES, L.; BARRIOS; G. Nós falemo brasilero. Dialectos portugueses en el Uruguay. Montevideo: Amesur, 1987.

FARACO, Carlos Alberto. Lingüística histórica: uma introdução ao estudo da história das línguas. São Paulo: Parábola, 2005.

FARACO, C. E.; MOURA, F. M. de. Gramática. São Paulo: Ática, 2002.

HERMOSO, A. G.; CUENOT, J. R.; ALFARO, M. S. Gramática de español lengua extranjera. Curso Prático. Edelsa: Grupo Didascalia, 2006.

ILARI, Rodolfo. Lingüística românica. 3. ed. São Paulo: Ática, 2006.

LOPES, C. R. S. A indeterminação no português arcaico e a pronominalização de nominais: mudança encaixada? In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE ESTUDOS MEDIEVAIS DA ABREM, V., 2003, Salvador. Anais... Salvador: Quarteto, 2005.

LOPES, C. R. S. A inserção de ‘a gente’ no quadro pronominal do português. Frankfurt am Main; Madrid: Vervuert/Iberoamericana, 2003. v.18.

LOPES, C. R. S. Nós por a gente: uma contribuição da pesquisa sociolingüística ao ensino. In: CARDOSO, Suzana Alice Marcelino (Org.). Diversidade Lingüística e Ensino. Salvador: EDUFBA, 1996. p. 115-123. Disponível em: http://acd.ufrj.br/~pead/tema14/ponto25.html. Acesso em: 17 mar. 2013.

LUCCHESI, Dante. Variação e norma: elementos para uma caracterização sociolinguística do português do Brasil. Revista Internacional de Língua Portuguesa, Lisboa, v. 12, p. 17-28, 1994.

MAIA, Francisca Paula Soares. Ocorrências e referências de la gente em língua hispânica. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE HISPANISTAS, V; CONGRESSO INTERNACIONAL DA ABH, I., 2008, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: FALE/UFMG, 2008. p. 2659-2666. Disponível em: http://www.letras.ufmg.br/espanhol/ Anais/anais_paginas%20_2502-3078/Ocorr%EAncias%20e%20refer%EAncias.pdf. Acesso em: 2 mai. 2014.

MATTOS E SILVA, Rosa Virgínia. O português arcaico: fonologia, morfologia e sintaxe. São Paulo: Contexto, 2006.

NEVES, Maria Helena de Moura. Gramática de usos do português. São Paulo: Ed. UNESP, 2000.

NEVES, Maria Helena de Moura. Pronomes. In: CASTILHO, Ataliba Teixeira de; ILARI, Rodolfo; NEVES, Maria Helena de Moura (Org.). Gramática do português culto falado no Brasil. Campinas, SP: Ed. UNICAMP, 2008.

NEVES, Maria Helena de Moura. Que gramática estudar na escola? 3. ed., 2. reimp. São Paulo: Contexto, 2009.

OMENA, N. P. A referência à primeira pessoa do discurso no plural. In: OLIVEIRA E SILVA, Giselle Machline de; SCHERRE, Maria Marta Pereira Scherre. Padrões Sociolinguísticos: análises de fenômenos variáveis do português falado na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996. p. 183-215.

OMENA, N. P. As influências sociais na variação entre nós e a gente na função de sujeito. In: OLIVEIRA E SILVA, Giselle Machline de; SCHERRE, Maria Marta Pereira Scherre. Padrões Sociolinguísticos: análises de fenômenos variáveis do português falado na cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996. p. 309-323.

PACHECO, Cíntia da Silva. Capítulo 4 - Pressupostos teóricos e procedimentos metodológicos da pesquisa. In: ______. Alternância NÓS e A GENTE no português brasileiro e no português uruguaio da fronteira Brasil-Uruguai (Aceguá). 2014. 311 f. Tese (Doutorado) – UnB, Brasília, 2014.

RONA, José Pedro. El dialecto “fronterizo” del norte del Uruguay. Montevideo: Adolfo Linardi, 1965.

RUBIO, Cássio Florêncio. Padrões de concordância verbal e de alternância pronominal no português brasileiro e europeu: estudo sociolinguístico comparativo. 2012. 393 f. Tese (Doutorado em Estudos Linguísticos) – Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, Universidade Estadual Paulista, São José do Rio Preto, 2012.

SANTOS, N. V.; COSTA, E. D.; SILVA, F. A. O uso do “nós” e do “a gente” na escrita de estudantes universitários. In: FÓRUM IDENTIDADES E ALTERIDADES, V., CONGRESSO NACIONAL EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE, I., 2011. UFS – Itabaiana/SE, 2011.

SCHERRE, Maria Marta Pereira; NARO, Anthony Julius. Origens do português brasileiro. São Paulo: Parábola, 2007.

SOARES, Carolina Noémia Abranches de Sousa. Sangue Negro. Maputo: Associação dos Escritores Moçambicanos, 2001. p. 136-137.

TAGLIAMONTE, Sali. A. Analysing sociolinguistic variation. New York: Cambridge University Press, 2006.

TEYSSIER, Paul. História da Língua Portuguesa. Tradução Celso Cunha. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

VIANNA, J. B. S. Semelhanças e diferenças na implementação de a gente em variedades do português. 2011. Tese (Doutorado em Letras Vernáculas) – Faculdade de Letras, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2011.

ZILLES, Ana Maria S. O que a fala e a escrita nos dizem sobre a avaliação social do uso de a gente? UNISINOS/UFRGS. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 42, n. 2, p. 27-44, 2007.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2237-2083.26.1.221-253

Refbacks

  • There are currently no refbacks.
';



Copyright (c) 2017 REVISTA DE ESTUDOS DA LINGUAGEM

Creative Commons License
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.

e - ISSN 2237-2083 

License

Licensed through  Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional