A emergência da Interação Fictiva em sala de aula como estratégia de ensino e aprendizagem / The emergence of Fictive Interaction in the classroom as a teaching and learning strategy

Leila Cruz Magalhães, Luiz Fernando Matos Rocha

Abstract


Resumo: Este artigo investiga manifestações específicas de fictividade, como padrão cognitivo de representações discrepantes (TALMY, 2000), em dados linguísticos orais coletados por Cadilhe (2013) de aulas ministradas em um curso de graduação em medicina. De modo mais específico, recorre-se ao conceito de Interação Fictiva (PASCUAL, 2014), segundo o qual os usuários das línguas lançam mão do Frame de Conversa para estruturar o pensamento, a gramática e o discurso, a fim de que se evidencie seu potencial de aplicação como estratégia comunicativa de ensino e aprendizagem. Como metodologia, lança-se mão da mescla das abordagens corpus-based e corpus-driven com o propósito de balancear categorias teóricas e empiria. Como resultado, mapearam-se quatro padrões formais e funcionais de fictividade em Interação Fictiva: pergunta-resposta fictiva, pergunta fictiva, dêixis fictiva e discurso direto fictivo. Verifica-se, sobretudo na fala docente, que a fictividade é usada com frequência em momentos discursivos de explicação e argumentação. Porém, docente e discentes demonstram saber operar com cenários não verídicos a fim de obter acesso a cenários efetivos que envolvem o cotidiano da prática médica. Constata-se ainda que o fenômeno é um dispositivo moderador do ensino e da aprendizagem, como uma estratégia comunicativa que apela para o Frame de Conversa no sentido de aproveitar o que ele tem de mais pervasivo e entrincheirado nos sujeitos cognitivos e de interação, que é a própria conversa cotidiana.

Palavras-chave: cognição; fictividade; interação fictiva; uso; sala de aula.

 

Abstract: This paper investigates specific manifestations of fictivity, such as the cognitive pattern of discrepant representations (TALMY, 2000), in oral language data collected by Cadilhe (2013) from undergraduate medical classes. More specifically, we use the concept of Fictive Interaction (PASCUAL, 2014), according to which language users use the Conversation Frame to structure thought, grammar and discourse, so as to highlight its potential for application as a communicative teaching and learning strategy. As a methodology, we use the blend of corpus-based and corpus-driven approaches to balance theoretical categories and empiricism. As a result, four formal and functional patterns of fictivity were mapped: fictive question-answer, fictive question, fictive deixis, and fictive direct speech. It was found, especially in teaching speech, that fictivity is often used in discursive moments of argumentation and explanation. However, teacher and students demonstrate to know how to operate with non-true scenarios in order to gain access to effective scenarios that involve medical practice. It is also noted that the phenomenon is a moderating device of teaching and learning, as a communicative strategy that appeals to the Conversation Frame to take advantage of what is most pervasive and entrenched in cognitive and interaction subjects, which is the everyday conversation itself.


Keywords: cognition; fictivity; fictive interaction; use; classroom.




Keywords


cognição; fictividade; interação fictiva; uso; sala de aula; cognition; fictivity; fictive interaction; use; classroom.

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2237-2083.30.2.496-518

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e - ISSN 2237-2083 

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