Sobre orações relativas livres em posição de adjunto: considerações sintático-semânticas acerca das construções com quando e onde

Paulo Medeiros Junior

Abstract


Este trabalho discute, com base nos dados do português do Brasil (PB), a estrutura e a semântica das orações relativas livres iniciadas por quando e onde. Questões como a tipologia categorial de relativas livres e seu estatuto sintático são postas em debate e algumas das conclusões a que se chegou foram as de que a tipologia categorial desse tipo de construção não é tão variada como propõem Bresnan & Grimshaw (1978), tampouco se restringe a três categorias específicas tal como proposto em Larson (1987), a saber, NPs, APs e AdvPs. A proposta que por ora elaboramos é formulada com base
na proposta de derivação de relativas livres como contendo um
amálgama dos núcleos funcionais C e D, naturalmente envolvidos no processo de relativização, conforme se encontra exposto em Medeiros Junior (2005). Consideramos que relativas livres sejam, portanto, DPs quando em posição argumental e PPs em posição de adjunto. Denominamos relativização livre ao processo de constituição dessas estruturas que, nessa visão, passam a ser classificadas sintaticamente de acordo com a posição sintática na sentença: relativas livres em posição argumental são subjetivas ou completivas e, em
posição de adjunto – contrariamente ao que propõe Móia (2001) –, podem ser chamadas adverbiais.

Keywords


Relativas livres; Interrogativas indiretas; Relativização; Incorporação; DPs; PPs

References


ALMEIDA, N. M. de. Gramática metódica da língua portuguesa. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 1961.

ALVARENGA, D. Sobre interrogativa indireta no português. 1981. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Letras da UFMG, Belo Horizonte, 1981.

BAKER, M. Incorporation. Chicago: The University of Chicago Press, 1988.

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 35. ed. São Paulo: Companhia Editoria Nacional, 1994.

BRESNAN, J.; GRIMSHAW, J. The Syntax of English Free Relatives. Linguistic Inquiry, v. 9, p. 331-391, 1978.

CAPONIGRO, I. On the semantics of indefinite free relatives. In: KOPEN, M. v., SIO, J.; De VOS, M. (Ed.). Proceedings of ConSOLEX, Leiden: SOLE. p. 49-62, 2001.

CAPONIGRO, I. Free Relatives as DPs with a Silent D and a CP Complement. In: SAMIIAN, V. (Ed.). Proceedings of the Western Conferences on Linguistics, 2000 (WECOL 2000), Fresno, California: California State University, 2002.

CAPONIGRO, I. The Semantic contributions of Wh-words and Type Shifts: Evidence from Free Relatives Cross linguistically. Proceedings of Semantics and Linguistic Theory (SALT) XIV. Itaca, NY: CLS Publications, Cornel University, 2003.

CHOMSKY, N. On Phases. ms. Massachusetts Institute of Technology, Cambridge, 2005.

CITKO, B. On Headed, Headless and Light-headed Relatives. Natural Language and Linguistic Theory, v. 22, p.95-126, 2004.

COHEN, M. A. de M. Orações relativas restritivas em português – registro formal e informal. 1981. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1981.

CORRÊA, V. R. Oração relativa: o que fala e o que se aprende no português do Brasil. 1998. Tese (Doutorado) – Unicamp, Campinas, 1998.

CORRÊA, V. R. Variação sintática em Portugal e no Brasil: orações relativas. In: Actas do XVI Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística, p. 615-665. Lisboa: APL e Colibri, 2000.

CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

De VRIES, M. The Sintax of Relativization. Utrecht: Lot, 2002.

DONATI, C. On Wh-head movement. In: CHENG, Lisa Lai-Shen; CORVER, Norbert (Ed.). Wh-movement: moving on. Cambridge, MA: MIT Press, p. 21-46, 2006.

GROSS, A.; RIEMSDIJK, H. v. Matching Effect in Free Relatives: A parameter of Core Grammar. In: Proceedings of Pisa Coloquium on Markedness, Annali dela Scuola Normale Superiore, Pisa, 1981.

GROSU, A. Strange Relatives at the Interface of two Milenia. Glot Intenational v. 6, n. 6, 2002.

GROSU, A.; LANDMAN, F. Strange relatives of the third kind. Natural Language Semantics, v. 6, p. 125-170, 1998.

HIRSHBÜHLER, P.; RIVERO, M. L. Remarks on free relatives and matching phenomena. Linguistic Inquiry, v. 14, n. 3, 1983.

IZVORSKI, R. (Non-) Matching Effects in Free Relatives and pro-drop. University of Pennsylvania, USA, MS, 1996.

IZVORSKI, R. Non-Indicative Wh-Complements of Possessive and Exitential Predicates.In: TAMANJI, P. N.; KUSUMOTO, K. (Ed.). Proceedings of NELS 28, p. 159-173, 1998.

JACOBSON, P. On the Quantificational Force of English Free Relatives.

In: BACH, E. et al. (Ed.). Quantification in Natural Languages. Kluwer: Dordrecht, 1995. p. 451-486.

KAYNE, Richard. The Antisymmetry of Syntax (Linguistic Inquiry Monographs, 25). Cambridge, MA: MIT Press, 1994.

KOOPMAN, H. The Spec Head Configuration. In: KOOPMAN, H. The Syntax of Specifiers and Heads: Controlled essays of Hilda J. Koopman. London-New York: Routledge, 2000.

KURY, A. da G. Novas lições de análise sintática. 4. ed. São Paulo: Ática, 1990.

LARSON, Richard K. “Missing Prepositions” and the Analysis of English Free Relative Clauses. Linguistic Inquiry, v. 18, n. 2, 1987.

MACAMBIRA, J. R. A estrutura morfossintática do português. 8. ed. São Paulo: Pioneira, 1997.

MEDEIROS JUNIOR, P. Sobre sintagmas-Qu e relativas livres no português. 2005. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Brasília, Brasília, 2005.

MEDEIROS JUNIOR, P. Relativas livres: uma proposta para o português. Revista de Estudos da Linguagem, Belo Horizonte, UFMG, 2006.

MÓIA, T. A sintaxe das orações relativas sem antecedente expresso no português. In: Quatro estudos em sintaxe do português. Lisboa: Edições Colibri, 1996.

MÓIA, T. Aspectos sintáticos e semânticos das orações relativas com como e quando. In: Actas do XVI Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística, Lisboa, 2001.

RIEMSDIJK, H. v. Free Relatives SynCom Case 44, 2000.

ROCHA, Mari Lucia D. F. Sintagmas QU em interrogativas indiretas e relativas livres do português. 1990. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Brasília, Brasília, 1990.

ROCHA LIMA, C. H. da. Gramática normativa da língua portuguesa. 32. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1994.

ROORYCK, J. Generalized Transfornations and the Wh-cycle: Free Relatives as Bare Wh-CPs. Groninger Arbeiten zur germanistischen Linguistik, v. 37, p. 195-208, 1994.

TARALLO, F. L. Relativization Strategies in Brazilian Portuguese. 1983. PhD Dissertation (PhD) – University of Pensylvania, 1983.

VERGNAUD, J. R. French Relative Clauses. Doctoral Dissertation, MIT, 1974.




DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2237-2083.17.1.51-71

Refbacks

  • There are currently no refbacks.
';



Copyright (c)



e - ISSN 2237-2083 

License

Licensed through  Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional