A intensificação de adjetivos: fatores contextuais / Intensification of adjectives: contextual factors
Abstract
Resumo: Este artigo discute a intensificação de adjetivos graduais modificados por muito a partir de uma abordagem referencial do significado. Assumindo a proposta que estipula que temos entidades de tipo <d> no modelo (von STECHOW, 1984; KENNEDY, 1997, 2007; KENNEDY; McNALLY, 2005a, entre outros), argumentamos que, em português brasileiro, há anomalias semânticas na combinação de muito com adjetivos absolutos de grau máximo, como previsto pela literatura. Contudo, nos casos em que a modificação é possível, isso se deve a dois fatores: ou o grau máximo é um padrão funcional convencionalizado, ou o padrão de comparação é intensional, seguindo a hipótese de Toledo e Sassoon (2011), para quem adjetivos absolutos têm classe de comparação intensional, em oposição à classe de comparação extensional dos adjetivos relativos. Por fim, propomos que muito A pressupõe que todos os indivíduos a quem a predicação se aplica sejam A, e que a identificação de um grau máximo como uma função total dos absolutos de grau máximo tem características de uma implicatura.
Palavras-chave: semântica; pragmática; adjetivos graduais; modificadores graduais.
Abstract: This paper discusses the intensification of gradable adjectives modified by muito ‘very’ using a referential approach to semantics. Assuming an approach which stipulates that there are entities of type <d> in the model (von STECHOW, 1984; KENNEDY, 1997, 2007; KENNEDY; McNALLY, 2005a, among others), we argue that in Brazilian Portuguese anomalies can be seen in the combination of muito with absolute gradable adjectives of maximum standard, as foreseen by the literature. However, in the cases in which the modification is possible, this can be related to two factors: or the maximum degree is a conventionalized functional standard, or the standard is intentional, according to the hypothesis of Toledo and Sassoon (2011), to whom absolute adjectives have an intentional class of comparison, against the extentional comparison class of the relative adjectives. Lastly, we propose that muito A presupposes that all the individuals to whom the predication applies are A and that the identification of a maximum degree as a total function in the case of absolutes with a maximum standard has features of an implicature.
Keywords: semantics; pragmatics; gradable adjectives; degree modifiers.
Keywords
Full Text:
PDF (Português (Brasil))References
BIERWISCH, Manfred. The Semantics of Gradation. In: BIERWISCH, M.; LANG, E. (Org.). Dimensional Adjectives. Berlin: Springer, 1989. p. 71-261.
BURNETT, Heather. A delineation solution to the puzzles of absolute adjectives. Linguistics & Philosophy, [S.l.], v. 37, p. 1-39, 2014.
CANÇADO, Márcia. Manual de semântica. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2008.
CHIERCHIA, Gennaro. Semântica. Trad. L. Negri, L. A. Pagani e R. Ilari. Campinas: Editora da Unicamp; Londrina: EDUEL, 2003.
CRESSWELL, M. The Semantics of Degree. In: PARTEE, B. (Org.). Montague Grammar. New York: Academic Press, 1976. p. 261-292. DOI: https://doi.org/10.1016/B978-0-12-545850-4.50015-7
CRUSE, David. Lexical Semantics. Cambridge: Cambridge University Press, 1986.
CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. 5. ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2008.
DEMONTE, Violeta. Adjectives. In: von HEUSINGER, K.; MAIENBORN, C.; PORTNER, (Org.). Semantics: An International Handbook of Natural Language Meaning. Berlin: Walter de Gruyter, 2011. p. 1314-1340.
DOETJES, Jenny. Adjectives and Degree Modification. In: KENNEDY, C.; McNALLY, L. (Org.). Adjectives: Syntax, Semantics and Discourse. Cambridge: Cambridge University Press, 2008. p. 123-155.
GUIMARÃES, Márcio R. Dos intensificadores como quantificadores. 2007. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007.
HEIM, I.; KRATZER, A. Semantics in Generative Grammar. Oxford: Blackwell, 1998.
KENNEDY, Christopher. Projecting the Adjective. 1997. Dissertation (PhD) – University of California at Santa Cruz, 1997.
KENNEDY, Christopher. Vagueness and Grammar: the Semantics of Relative and Absolute Gradable Adjectives. Linguistics and Philosophy, [S.l.], v. 30, n. 1, p. 1-45, Feb. 2007.
KENNEDY, Christopher; McNALLY, Louise. Scale Structure, Degree Modification, and the Semantics of Gradable Predicates. Language, [S.l.], v. 81, n. 2, p. 345-381, 2005a.
KENNEDY, Christopher; McNALLY, Louise. The syntax and semantics of multiple degree modification in English. In: MÜLLER, S. (org.). Proceedings of the HPSG05 Conference. Department of Informatics, University of Lisbon, CSLI Publications, 2005b.
KLEIN, Ewan. A Semantics for Positive and Comparative Adjectives. Linguistics and Philosophy, [S.l.], v. 4, n.1, p. 1-45, 1980.
KLEIN, Ewan. Comparatives. In: von STECHOW, A.; WUNDERLICH, D. (Org.). Semantics: an international handbook of contemporary research. Berlin: de Gruyter, 1991. p. 673-691.
LASERSOHN, Peter. Context Dependence, Disagreement, and Predicates of Personal Taste. Linguistics and Philosophy, [S.l.], v. 28, n. 6, p. 643-686, Dec. 2005.
MARTINHO, Fernando J. S. Sintaxe e semântica dos adjetivos graduáveis em português. 2007. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade de Aveiro, Aveiro, 2007.
McNABB, Yaron. The Syntax and Semantics of Degree Modification. 2012. Dissertation (PhD) – University of Chicago, Chicago, 2012.
McNALLY, Louise. The relative role of property type and scale structure in explaining the behavior of gradable adjectives. In: NOUWEN, R. et al. (Org.). Vagueness in Communication. Bourdeaux: Springer, 2011. p. 151-168.
NEELEMAN, A.; von de KOOT, H.; DOETJES, J. Degree expressions. The Linguistic Review, [S.l.], v. 21, p. 1-66, 2004.
PANSERI, Francesca; FOPPOLO, Francesca; GUASTI, Maria Teresa. Acquisition Meets Comparison: An Investigation of Gradable Adjectives. In: CAPONIGRO; I.; CECCHETTO, C. (Org.). From Grammar to Meaning: The Spontaneous Logicality of Language. Cambridge: Cambridge University Press, 2013. p. 266-293.
PIRES DE OLIVEIRA, Roberta. Semântica formal: uma breve introdução. São Paulo: Mercado de Letras, 2001.
PIRES DE OLIVEIRA, Roberta; BASSO, Renato. Arquitetura da conversação: teoria das implicaturas. São Paulo: Parábola, 2014.
QUADROS GOMES, Ana Paula. A semântica de grau em PB. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA, XIII., SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE LETRAS E LINGUÍSTICA (SILEL), III., Uberlândia. Anais... Uberlândia, EDUFU, 2011. v. 2, n. 2, p. 1-9.
QUADROS GOMES, Ana Paula. Modificadores de adjetivos de grau em PB. In: SIMELP - SIMPÓSIO MUNDIAL DE ESTUDOS DE LÍNGUA PORTUGUESA: A FORMAÇÃO DE NOVAS GERAÇÕES DE FALANTES DE PORTUGUÊS NO MUNDO, III., 2011, Macau. Anais... Macau: Universidade de Macau, 2012. p. 5-1-5-11.
van ROOIJ, Robert. Vagueness and Linguistics. In: RONZITTI, G. (Org.). The Vagueness Handbook. Dordrecht: Springer, 2011. p. 1-57.
ROTSTEIN, Carmen; WINTER, Yoad. Total Adjectives vs. Partial Adjectives: Scale Structure and Higher-Order Modifiers. Natural Language Semantics, [S.l.], v. 12, n. 3, p. 259-288, 2004.
SOLT, Stephanie. Comparison to Arbitrary Standards. In: SINN AND BEDEUTUNG, 16., Utrecht. Proceedings... Utrecht: Universiteit Utrecht, 2011. p. 557-570.
SOUZA, Luisandro M. de. Adjetivos graduais e a interpretação de maximizadores e minimizadores. Revista de Estudos da linguagem, Belo Horizonte, v. 27, n. 1, 2018, p. 13-48, 2019.
von STECHOW, Armin. Comparing Theories of Comparison. Journal of Semantics, Oxford, v. 3, n. 1-2, p. 183-199, 1984.
TOLEDO, Assaf.; SASSOON, Galit W. Absolute vs. relative adjectives: variance within vs. between individuals. In: SEMANTICS AND LINGUISTIC THEORY CONFERENCE, 21, 2011, New Brunswick. Proceedings… New Brunswick: Rutgers University, 2011. p. 135-154.
DOI: http://dx.doi.org/10.17851/2237-2083.27.2.507-547
Refbacks
- There are currently no refbacks.
Copyright (c) 2019 Luisandro Mendes de Souza
This work is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International License.
e - ISSN 2237-2083
Licensed through Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional