Nas fraturas do vivido, des-figurar o passado
Resumo
Apresenta-se o poema "Coleção de cacos", inserido na tríade memorialista de Boitempo, do poeta Carlos Drummond de Andrade, a partir da intersecção de dois olhares: os resquícios do olhar infantil, que se coloca numa verdadeira ascese da disponibilidade aos cacos que nos escapam, e as exigências do observador eterno, que aos cacos recolhidos dispensa a atenção ruminante de um meticuloso colecionador. Pela via de leitura que ora se propõe, entende-se que o trabalho de rearranjo do vivido, que se impõe ao poeta como uma exigência desse regime do olhar, não pode se dar senão pela potência des-figuradora da imaginação. A partir das latências do despojo e da soberana imposição do não-saber que toda imagem propõe, o olhar é assim conduzido a um verdadeiro trabalho de forças em busca daquilo que permanece capaz de chocar, de perturbar, de transformar o pensamento, produzindo um conhecimento inaudito.
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.17851/1982-0739.24.3.236-249
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Em Tese
ISSN 1415-594X (impressa) / ISSN 1982-0739 (eletrônica)
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