Luciano de Samósata e a ficção da tradição democrática

Igor B. Cardoso

Resumo


Mais que um polemista do século II, Luciano de Samósata expressou importantes transformações da consciência histórica de seu tempo. Procura-se argumentar que os usos e abusos da terminologia democrática grega, especialmente a ateniense, em uma conjuntura política na qual Roma estendeu seu imperium por todo o Mediterrâneo, indicam uma fratura entre o antes e o agora. Com efeito, ao contrário do período clássico, quando os historiadores procuravam fazer do passado recente uma fonte que iluminaria os caminhos a serem tomados no futuro, no século II era reconhecida a artificialização da continuidade temporal, que facultava ora naturalizar o processo de dominação ora colocar o passado em disputa. Para tanto, serão cotejadas diferentes obras de Luciano, a exemplo de Como se deve escrever a história, Das narrativas verdadeiras e Nigrino, com outras de personagens do mesmo período, como do imperador Marco Aurélio e do apologista Élio Aristides.

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DOI: http://dx.doi.org/10.17851/1982-0739.25.1.65-86

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Em Tese
ISSN 1415-594X (impressa) / ISSN 1982-0739 (eletrônica)


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