Poéticas
Resumo
Na seção Poéticas, Marc Davi, capa desta edição, apresenta a fotoperformance “Da sensação de elasticidade quando se marcha sobre cadáveres”. O artista enuncia seu discurso a partir de diversas mídias que apontam para o confronto entre o caráter movediço das linguagens e a natureza arbitrária da substância que as constitui – e convocam os limites do corpo (e seus reguladores sociais) em direção a um tensionamento com o real. Davi parte da incompletude da matéria plástica para provocar um engajamento corporal como veículo último de ameaça possível aos sistemas de domínio que incidem sobre o sujeito. Por sua vez, Renato Contente, na coletânea poética “Solidão Neon”, traz à baila flashes de uma Recife quente e marcada pelo iminente esfumaçamento do objeto amoroso. A epígrafe, que cita Wally Salomão, já dá o tom do que se lerá adiante: “escrever é se vingar da perda/ Embora o material tenha se derretido todo,/ igual queijo fundido”. Em versos carregados de homoerotismo, Contente revisita diferentes passagens de uma relação fadada à solidão, que dura tempo equivalente às chamas da “Camisa amarela”.
Jéssica Martins Costa produz uma poética que opera sob o entrelaçar da interioridade com o mundo objectual. Seus três poemas incluídos na presente edição oferecem o vislumbre de uma escrita que tensiona o próprio processo de nomear. Encerrando a seção, com “O surgimento de uma travesti”, Samantha Collins Winchester testemunha as violências e os maravilhamentos que marcam seu processo de percebimento de gênero. Nascida e habitante de um pequeno distrito do interior de Minas,
Winchester escreve sobre como o espaço ao seu redor foi definidor de muitas experiências, tanto traumáticas quanto de fortalecimento político.
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PDFDOI: http://dx.doi.org/10.17851/1982-0739.26.1.355
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Em Tese
ISSN 1415-594X (impressa) / ISSN 1982-0739 (eletrônica)
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