Resumo
Objetiva-se, neste artigo, realçar o papel da aventura como base de construção narrativa em três romances do escritor argentino Pedro Mairal – Uma noite com Sabrina Love (2019), Salvatierra (2021) e A uruguaia (2018) – e motivo da mobilização tanto dos afetos de prazer quanto dos de desprazer. Para isso, baseamo-nos, no que se refere ao conteúdo nuclear aventuresco das histórias, nas ideias contidas no ensaio chamado “A aventura”, de Georg Simmel (2005), e no livro homônimo, A aventura, de Giorgio Agamben (2018); e, a fim de dar conta da gama de sentimentos irradiada nas narrativas, fundamentamonos em noções filosófico-psicanalíticas. Tais princípios possibilitam- nos realizar uma hermenêutica do pormenor. E dela percebemos que a aventura funciona como extrapolação da vida cotidiana e, com todos os seus percalços, como potência regeneradora dos protagonistas, que, após vivenciá-las, esclarecem alguns impasses, pacificam-se e conseguem vislumbrar o futuro.