Resumo
Sob a regência dos valores modernos de racionalidade e objetividade, o cotidiano e a cultura em torno do conhecimento científico parecem embotar nosso raciocínio em significados prontos e discursos pretensamente verdadeiros. Por outro lado, em uma dimensão artística que foge às sistematizações imanentes a esse contexto, podemos nos ver diante de uma experiência diferenciada – a da plurivocidade, da oscilação entre significações, no trânsito entre camadas de sentido que não se pretendem unívocas. Nesta perspectiva, este artigo objetiva estabelecer um diálogo entre a obra de Martin Heidegger e Paul Zumthor no que concerne à investigação da poesia enquanto um campo privilegiado de manifestação da linguagem. Para tanto, será localizado o lugar e a importância do discurso poético no pensamento de cada um deles, e, por fim, será realizada uma análise, pautada sobretudo em uma possível relação entre o conceito de movência em Zumthor e a noção heideggeriana de velamento/desvelamento do Ser.