Em seu volume 25, número 1, a revista Em Tese traz contribuições Em torno a uma crise clássica: histórias de uma crise. A crise tem sido um tópos cada vez mais constante nas discussões de várias disciplinas das Humanidades desde meados do século XX até o presente, sobretudo a partir de uma alardeada crise da leitura e dos valores tradicionais pretensamente atrelados a ela. O tom apocalíptico de uma série de títulos dos estudos literários publicados nas últimas décadas é um curioso sintoma dessa situação: O declínio da cultura ocidental (Allan Bloom, 1989); Quem matou Homero? (Victor Davis Hanson e John Heath, 1998); A morte de uma disciplina (Gayatri Spivak, 2003); A literatura em perigo (Tzvetan Todorov, 2010). Ainda que compartilhem certo mal-estar perante a situação atual dos estudos literários, esses autores divergem no que diz respeito às causas do problema: para os mais conservadores, a relativização do cânone e de seus valores tradicionais tem trazido problemas de formação e dificuldades pedagógicas; para os mais progressistas, o engessamento institucional e curricular dificulta a possibilidade de que tradições alternativas a esse cânone sejam devidamente estudadas. Com desdobramentos na cena literária brasileira – de José Guilherme Merquior e Leyla Perrone-Moisés a Eneida Maria de Souza e Wander Melo Miranda –, esse debate parece configurar mais uma reatualização da eterna Querelle des Anciens et des Modernes, na linha do que já era sugerido em Literatura Europeia e Idade Média Latina por Ernst Curtius (2013, p. 313).
Cientes da oportunidade que momentos de crise – real ou imaginária – oferecem a quem queira rever os critérios de seus próprios juízos (est)éticos, a fim de delinear renovadas possibilidades de crítica (ou diferentes regimes de leitura), nós da Em Tese recebemos uma multiplicidade de contribuições orientadas principalmente por: i) análises do contexto sociocultural das últimas décadas no campo dos estudos literários, com tomadas de posição explícita com relação à dita situação de crise (seja por meio de um trabalho de crítica literária, seja por meio de uma discussão teórica); ii) retomadas de debates relevantes para a história dos estudos literários, a partir da célebre antinomia “antigos x modernos”, na antiguidade, no renascimento, na modernidade e na contemporaneidade.
Sumário
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1-5
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Amanda Damasceno, Clarissa Xavier, Felipe Cordeiro, Otávio Augusto de Oliveira Moraes, Rafael Silva, Tiago de Holanda
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6-14
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Dossiê
Dirceu Villa Villa
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15-24
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Luiza Helena Rodrigues de Abreu Carvalho, Natan Henrique Taveira Baptista
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25-44
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Caroline Morato Martins
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45-64
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Igor B. Cardoso
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65-86
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Thiago Santana
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87-105
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Francine Fernandes Weiss Ricieri
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106-125
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Roberta Fabbri Viscardi
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126-151
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Thayane Verçosa
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152-166
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Christian Werner
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167-180
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Ana Carolina Negrão Berlini de Andrade
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181-190
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Igor de Souza Soares
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191-202
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Roosevelt Araújo da Rocha
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203-209
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Teoria, Crítica Literária, outras Artes e Mídias
Xênia Amaral Matos
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210-222
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Valdemar Valente Junior
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223-233
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Tradução e Edição
Guilherme Gontijo Flores
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234-268
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Em Tese
Laura Janina Hosiasson, Gabriel Bueno da Costa
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269-290
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Entrevistas
Rafael Guimarães Tavares Silva
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291-296
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Resenhas
André Malta
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297-303
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Rafael Guimarães Tavares Silva
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304-308
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